Pedro Siza Vieira falava em conferência de imprensa após reuniões por videoconferências ao longo do dia de hoje com representes do Banco de Portugal, Conselho de Finanças Públicas, Instituto Nacional de Estatística (INE), ISEG, Universidade Católica e, depois, com cerca de duas dezenas de economistas, tendo como objetivos debater o impacto da pandemia de covid-19 e as vias para o relançamento da economia portuguesa.
Questionado sobre a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) de uma recessão da economia portuguesa na ordem dos oito por cento em 2020, Pedro Siza Vieira referiu que se espera “uma quebra da atividade muito acentuada durante este ano”, que se deve sobretudo ao presente trimestre.
“Não sabemos ainda qual é a verdadeira redução da atividade económica, temos resultados de que cerca de 82% das empresas estão a manter a sua atividade, sabemos que neste momento 66 mil empresas colocaram trabalhadores em ‘lay-off’ (menos de um quarto da população ativa) e ainda não há um crescimento significativo do desemprego”, referiu.
De acordo com o ministro de Estado e da Economia, desconhece-se ainda “qual vai ser o impacto real destes meses, entre março e maio, na contração da atividade económica, mas sabe-se que o impacto vai ser severo”.
“O ministro das Finanças [Mário Centeno] referiu que esperava que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) não chegasse aos dois dígitos. É isso que também diz o FMI, que aponta para valores na ordem dos 8%, assim como outras instituições. Há muita coisa que ainda é incerta, as coisas podem correr um pouco melhor ou pior, mas sabe-se que vai ser duro”, acentuou.
Pedro Siza Vieira destacou depois, que, durante as reuniões de hoje, vários participantes referiram “a forma como o país tem vindo a gerir” a crise da pandemia de convid-19.
“Esta crise projeta uma imagem externa muito positiva de Portugal como um destino seguro, onde existe uma enorme coesão social. Isso são também vantagens no reposicionamento da nossa economia no futuro”, sustentou.
Interrogado sobre o futuro da TAP, Pedro Siza Vieira considerou que essa empresa “é estratégica para Portugal” e que o Governo a “vai preservar”.
“O Estado vai continuar a acompanhar a situação da TAP, vai assegurar a continuidade da TAP. Os mecanismos e instrumentos que temos à nossa disposição são as mais diversas, não vamos excluir nenhum, nem sequer a hipótese de nacionalização”, respondeu.
"O próximo passo vai ser ir abrindo gradualmente estas medidas"
O titular da pasta da Economia salientou que o retorno da atividade económica "terá de ser gradual, progressiva, mas terá de ser feita".
"Daqui a algumas semanas, quando começarmos a equacionar o levantamento destas restrições, a mesma autodisciplina, a mesma capacidade de gerir o risco tem de ser encarada na forma como vamos retomar a nossa atividade, com medidas de proteção individual nos espaços públicos", disse.
Sobre esta fase de regresso aos locais de trabalho, o ministro da Economia falou no caráter fundamental da população "ter confiança na capacidade de proteção".
"Se conseguirmos consolidar os ganhos do ponto de vista de saúde pública, teremos a capacidade de também, nas próximas semanas, começarmos a construir a confiança de nos protegermos no espaço público", declarou.
Pedro Siza Vieira, neste contexto, considerou "um passo importante" o facto de empresas portuguesas estarem já a fabricar em grande quantidade máscaras para proteção comunitária, que poderão ser distribuídas pelos circuitos de comercialização, "oferecendo aos cidadãos uma medida de proteção em grande escala".
"É um passo mais para a confiança da nossa população na capacidade de nos protegermos. Temos de continuar a consolidar estes ganhos ao nível da saúde pública para, nas próximas semanas, começarmos a construir a confiança de nos protegermos também no espaço público", advogou.
Questionado se o levantamento das restrições pode acontecer antes de junho, o ministro de Estado e da Economia não indicou qualquer calendário e afirmou que se "ganhou tempo na reabertura graças à extraordinária disciplina dos portugueses" no combate à covid-19.
"O próximo passo vai ser ir abrindo gradualmente estas medidas com a proteção suficiente para que os cidadãos tenham a confiança de que têm resposta nos serviços de saúde, mas, sobretudo, têm a capacidade de se proteger e de proteger os outros num contexto social. Quando isto estiver assegurado, vamos pensar quais as medidas de estímulo à retoma económica", adiantou, numa alusão ao período do segundo semestre do ano.
Segundo o ministro, neste quadro, "alguns setores serão impactados de uma forma diferente de outros e, portanto, as medidas já não serão indiferenciadas".
"Em termos de longo prazo, os fundamentais da economia portuguesa têm de continuar a merecer a nossa melhor atenção", acrescentou.
(Notícia atualizada às 21:02)
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