A informação foi inicialmente avançada pelo presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, que considerou positiva a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), revelando que o ministro das Finanças avançou, na reunião desta tarde com os parceiros sociais, que haverá uma poupança adicional de 250 milhões de euros por ano.

"Esta saída do PDE é positiva para Portugal, quer em termos da confiança que merecemos, quer em juros. E o senhor ministro revelou hoje que vai haver um alívio na ordem dos 250 milhões de euros por ano, o que é uma boa notícia", afirmou António Saraiva aos jornalistas, à saída da reunião da Concertação Social.

Questionado pela Lusa sobre estas declarações, o Ministério das Finanças confirmou que "a atualização do cenário feita recentemente, comparativamente com o Programa de Estabilidade, identificou uma poupança na ordem dos 250 milhões de euros por ano" e acrescentou que esta poupança decorre da "baixa dos juros verificada nas últimas semanas".

Também o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, referiu que Mário Centeno deu conta de que poupanças de cerca de 250 milhões de euros nos juros da dívida pública "em 2017 e em 2018" e que, apesar de considerar que a saída do PDE revela que "afinal valeu a pena inverter a política de cortes de salários, direitos e pensões, defendeu que "isso não chega".

"É preciso que o próximo orçamento olhe mais para as pessoas e que responda às necessidades das pessoas", reiterou o dirigente sindical, sublinhando que a lei orçamental do próximo ano "não se pode esquecer dos trabalhadores da administração pública nem das populações no que respeita à melhoria da qualidade dos serviços públicos e ao acesso a esses serviços".

Também sobre a saída de Portugal do PDE e a poupança de 250 milhões de euros por ano com juros da dívida, o presidente da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, considerou que "o mais importante é haver investimento, mais do que a poupança" em causa.

Para tal, sugeriu "a necessidade de reestruturar a banca", criticando a 'troika' (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), que, segundo o mesmo responsável, "mandou esse tema para debaixo do tapete".

Vieira Lopes realçou que o valor de 250 milhões de euros é "uma previsão", insistindo que, caso se concretize, deve permitir um reforço do investimento público.

"Tudo o que permita sustentar a economia e criar postos de trabalho é positivo", rematou.

Já Paula Bernardo, secretária-geral adjunta da UGT, saudou a saída de Portugal do PDE, considerando tratar-se do "reconhecimento do esforço e sacrifício que os portugueses fizeram" durante os anos da crise, e realçando que tal "é mais do que justo".

A dirigente sindical quer que a verba que fica nos cofres estatais com a possível poupança de 250 milhões de euros por ano com juros "possa ser aplicada na melhoria das condições dos trabalhadores e pensionistas", reclamando também por um crescimento do investimento público.

O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, questionado pelos jornalistas sobre esta novidade, preferiu deixar as explicações para as Finanças, ainda que tecendo algumas considerações.

O recuo dos juros da dívida soberana portuguesa "já se tem verificado no passado recente e também se deve verificar para o ano", lançou, frisando que "o impacto da saída do PDE é mais difícil de contabilizar no seu todo".

Ainda assim, o governante admitiu que Portugal beneficie ainda mais de uma "redução da despesa com juros".

Por seu lado, o ministro das Finanças, Mário Centeno, que também participou nos trabalhos de hoje, entrou e saiu sem falar aos jornalistas.