As previsões apresentadas pela AHP, em conferência de imprensa, num hotel em Lisboa, resultam de um inquérito que fez junto dos seus associados, entre os dias 03 e 09 de março, cujos dados são atualizados diariamente, para saber qual o impacto que o Covid-19 está a ter na hotelaria nacional.

Num cenário mais positivo, com perdas de 30% das receitas internacionais na hotelaria, as perdas estimadas, entre 01 de março e 30 de junho, são de 500 milhões de euros.

Já num cenário de queda de 50% nas receitas internacionais, as perdas poderão ser de 800 milhões de euros, no mesmo período.

A AHP ressalvou que os números podem agravar-se, uma vez que os cálculos foram feitos com base em respostas obtidas junto dos associados entre os dias 03 e 09 de março, antes, por exemplo, do anúncio do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ter suspendido as viagens da Europa para aquele território.

Segundo a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, que fez a apresentação dos resultados do inquérito, quanto mais o tempo passa, maior a proximidade com o segundo cenário.

“Cada vez mais o tempo corre a nosso desfavor”, admitiu.

Em relação às dormidas na hotelaria (que inclui hotéis, hotéis apartamentos, hóteis rurais e pousadas), a AHP estima que, entre 01 de março e 30 de junho, num cenário de queda de 30% em relação ao período homólogo, sejam perdidas 4,4 milhões de dormidas.

Caso a queda seja de 50%, isto representará uma perda de 7,3 milhões de dormidas no setor da hotelaria, em quatro meses.

Só no período de sete dias em que decorreu o inquérito, os mais de 400 associados que responderam às perguntas da AHP reportaram 346.497 dormidas canceladas.

“Há empresas que manterão a sua atividade e o seu nível de faturação, mas o turismo e a hotelaria serão aquelas que serão mais severamente atingidas. Esta é a nossa perspetiva, com base em informação que, de dia 09 [de março] para hoje, já evoluiu”, disse aos jornalistas o presidente daquela associação, Raul Martins.

Aquele dirigente admitiu que as medidas que o Governo colocou à disposição das empresas, nomeadamente o ‘lay-off’ (suspensão temporária do contrato de trabalho) simplificado, terão de ser utilizadas, mas considerou que “praticamente” não haverá despedimentos.

Raul Martins adiantou, ainda, que no Algarve há “algumas unidades” hoteleiras que costumam fechar em época baixa e iriam reabrir em março ou abril, que já comunicaram que vão adiar a abertura e estão a contar que em junho haja já “uma situação de recuperação” da pandemia.

O fecho de unidades, por parte de cadeias que tenham vários hotéis na mesma cidade é também uma medida que o presidente da AHP não descarta.

“Se um grupo tiver muitos hotéis, se calhar pode fechar um”, admitiu, acrescentando que, por exemplo, numa zona como Lisboa, se um grupo tiver quatro hotéis e todos estiverem com uma taxa de ocupação de 50%, não faz sentido que estejam todos abertos.

O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde atualizou hoje o número de infetados, que registou o maior aumento num dia (19), ao passar de 59 para 78, dos quais 69 estão internados.

(Notícia atualizada às 13h23)