A inflação desencadeou uma onda de “ansiedade da fatura”, à medida que as famílias lutam para equilibrar os seus rendimentos e despesas, refere a Intrum, empresa de serviços de gestão de crédito sediada na Suécia.

De acordo com o relatório, baseado num inquérito em 24 países europeus, incluindo Portugal, feito entre julho e setembro, mais de oito em cada dez inquiridos demonstram preocupação face ao impacto do aumento dos preços dos bens alimentares e da energia no seu bem-estar financeiro.

As respostas dos cerca dos 24 mil consumidores europeus que participaram no inquérito levaram à conclusão de que um em cada três europeus acredita que não terá dinheiro suficiente para pagar as contas de serviços públicos nos próximos 12 meses.

“Após longos anos de inflação baixa e de fraca política monetária, a subida dos preços e o aumento das taxas de juro tornaram os consumidores europeus profundamente pessimistas quanto ao futuro. Muitos consumidores que não foram severamente afetados durante a pandemia estão hoje a sentir as consequências”, realça o presidente executivo da Intrum, Andrés Rubio, citado num comunicado.

“Os choques de custos terão naturalmente um impacto significativo nos padrões de despesa dos consumidores, com riscos acrescidos de incumprimento para faturas de menor prioridade”, acrescenta o responsável.

Segundo o estudo, seis em cada 10 inquiridos estão a mudar a forma como gastam o dinheiro e afirmam estar cada vez mais conscientes de custos desnecessários, estando a cortar nas refeições fora de casa, “o que é uma má notícia para o setor da hotelaria e outros que estavam a começar a recuperar” após a pandemia de covid-19.

Entre os consumidores que esperam falhar o pagamento das faturas nos próximos 12 meses, a maioria afirma ser provável não pagarem as faturas do comércio eletrónico e das lojas ‘online’.

O ECPR demonstra ainda que mais de metade dos inquiridos acredita que uma inflação elevada irá durar anos, apesar da intervenção governamental, sugerindo pouca fé na capacidade dos seus líderes em controlar os preços.

As incertezas económicas estão também a causar a preocupação de uma maioria (seis em cada 10 dos inquiridos) que considera que não está a poupar o suficiente para o futuro, não sendo capaz de se reformar confortavelmente.

Perante este cenário, três em cada 10 inquiridos indicam que em breve irão pedir um aumento salarial, uma resposta que sobe para 41% entre os inquiridos com crianças pequenas.

“Embora ainda não tenhamos visto o ‘círculo vicioso’ de uma espiral salários-preços na Europa, a percentagem relativamente elevada de pessoas que dizem que vão exigir um aumento salarial indica que a paciência dos consumidores com a queda dos salários reais está a diminuir. Isto irá colocar mais em evidência a capacidade dos bancos centrais em conter a inflação”, afirma Andrés Rubio.

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