"Quem me convidou foi na altura o senhor ministro das Finanças [Teixeira dos Santos] muito pouco tempo antes da posse [agosto de 2005]. Disse-me que gostava que integrasse as mudanças que ele queria implementar na CGD", afirmou Vara durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão do banco estatal.

"Teixeira dos Santos, com quem tinha uma boa relação e tinha sido colega de Governo, disse-me que a equipa ia ser liderada por Santos Ferreira", acrescentou.

Questionado pelo deputado do CDS-PP João Almeida sobre quando falou com José Sócrates sobre o convite que lhe foi endereçado, Armando Vara respondeu que nunca o fez.

"Nunca falei com ele sobre esta matéria", sublinhou.

Hugo Soares, deputado do PSD, insistiu no tema e perguntou a Vara se tinha falado com o antigo primeiro-ministro sobre o banco público enquanto lá trabalhou.

"Não me lembro de ter falado com o engenheiro Sócrates sobre a CGD, por muito estranho que pareça. Se tivesse falado lembrar-me-ia", disse o antigo administrador do banco estatal.

Hugo Soares enfatizou: "Não falou ou não se lembra", com Vara a insistir que não se lembra.

"Não se lembra, mas não nega que tenha falado", anotou o deputado social-democrata.

Hugo Soares continuou a insistir, questionando: "Lembra-se que há uma dezena de anos almoçou com o Dr. Campos e Cunha no CCB, mas não se lembra de ter falado sobre a CGD com o engenheiro Sócrates. Ninguém acredita que o senhor não se lembra se falou com o engenheiro Sócrates sobre a CGD".

"Não fico prisioneiro daquilo que você pensa, nem do que você acha que os outros pensam. Sempre me habituei a ser leal e a falar com franqueza. Isso talvez suscite algumas reações a quem não está habituado a isso", retorquiu Vara.

E rematou: "Eu não tenho ideia de, enquanto o primeiro-ministro foi primeiro-ministro e eu fui administrador da CGD, termos falado sobre assuntos da CGD, porque essa era uma matéria da competência do presidente Santos Ferreira".