O desenvolvimento do projeto arranca com a assinatura do acordo de consórcio, celebrado entre cinco parceiros, designadamente a Câmara Municipal, a Universidade de Lisboa, a Docapesca, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o Fórum Oceano, numa cerimónia que contou com a presença do ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, e que terminou com a visita ao espaço da Doca de Pedrouços que irá acolher o Hub do Mar.

Para o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), “hoje foi um grande dia” para o desenvolvimento do Hub do Mar, ao qual apelida como Hub dos Futuros Unicórnios do Mar, porque se avançou na candidatura a financiamento do PRR, em que a expectativa é conseguir ganhar o concurso e ter a verba de 31 milhões de euros para investir no projeto e executá-lo “o mais rapidamente possível”.

“Penso que é um dia muito importante para Lisboa, para Portugal e para a Europa, e é realmente a junção de esforços daquilo que é o dinheiro europeu do PRR”, reforçou Carlos Moedas, destacando o papel do ministro do Mar, que o desafiou a “agarrar esta oportunidade”.

O edifício do Hub do Mar vai ser construído na Doca de Pedrouços, ao lado da Fundação Champalimaud e da Fundação Gulbenkian, e pretende ser um espaço para acolher “muitas empresas” na área do mar, que potencie “a criação de valor através da inovação, da tecnologia e da ciência”, juntando as universidades e centros de investigação.

“Em Portugal, até agora, conseguimos ter muito na área da ciência, conseguimos ter algo na área da inovação, mas não temos conseguido ligar a ciência pura com aquilo que é a ciência aplicada e a inovação, para fazer as empresas e para criar oportunidades”, declarou o autarca de Lisboa, explicando que o conceito da Fábrica de Unicórnios se aplica ao Hub do Mar porque a ideia é funcionar como uma cadeia em que entram as ‘startups’ e, com a ajuda da ciência e das grandes empresas, conseguir crescer e “passar de uma ideia ao produto”.

O ministro do Mar disse que o investimento de 31 milhões de euros do PRR é 100% a fundo perdido, para construir na Doca de Pedrouços um novo edifício chamado de Shared Ocean Lab [laboratório oceano partilhado], que vai ter vários laboratórios para diferentes tipos de atividades da economia azul e espaços cientificamente equipados, inclusive para prototipagem e biorefinarias.

“Estas serão infraestruturas de uso partilhado onde se poderão desenvolver múltiplos projetos de investigação e inovação”, indicou Ricardo Serrão Santos, adiantando o que o Hub do Mar vai ainda incluir “um espaço dedicado a um biobanco nacional de recursos marinhos, com todo o equipamento laboratorial para a sua manutenção, assim como um ‘datacenter’ associado ao Hub Azul”, que é a Rede de Infraestruturas para a Economia Azul.

Realçando que em Portugal a investigação em ciências do mar “é de ponta”, inclusive em termos de produção ‘per capita’ está em número um na União Europeia, segundo o relatório de 2020 da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, o ministro disse que essa “excelente investigação científica e inovação” ao nível das universidades não se tem verificado em termos de transição para o mundo empresarial e para a economia.

Nesse sentido, a rede Hub Azul, que inclui Lisboa, Oeiras, Porto, Matosinhos, Algarve, Peniche e Açores, com um investimento total de 87 milhões de euros, entre os 252 milhões previstos do PRR para desenvolver uma economia do mar, vai ser “um pontapé de saída muito importante” para fazer a interligação entre a ciência e inovação e o mundo empresarial neste domínio, inclusive na biotecnologia azul com as farmacêuticas, nas engenharias dos sensores, dos módulos subaquáticos autónomos e na área da aquicultura.

“Temos excelente investigação na área das biotecnologias. Agora é preciso passar de facto para a economia produtiva”, reforçou Ricardo Serrão Santos, realçando a importância de Portugal aprofundar a sua relação com o mar, “reconhecendo o seu potencial para ser um fator determinante para o crescimento económico do país”.

“Os últimos anos, com a crise pandémica e agora a deplorável guerra na Europa, têm aberto os nossos olhos para os riscos e para as limitações de um modelo económico excessivamente globalizado. Agora todos entendemos a importância de termos um país e uma União Europeia mais autónomos do ponto de vista industrial, energético e alimentar. Se juntarmos a este ‘cocktail’ o cenário da emergência climática que vivemos e os problemas ecológicos relacionados com a perda da biodiversidade, a poluição marinha, o aquecimento, a acidificação e a desoxigenação do oceano, o caminho a seguir torna-se de facto mais claro: temos de mudar rapidamente o nosso paradigma de desenvolvimento para um modelo económico descarbonizado, circular e de base biológica”, declarou o ministro, acrescentado que, para este efeito, os setores da economia azul, em que se inclui o Hub do Mar em Lisboa, podem ter um papel fundamental.

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