De acordo com o banco, o resultado do ano passado foi influenciado por encargos de 532,6 milhões de euros devido aos créditos em francos suíços na operação da Polónia. Sem esses encargos, indica, teria tido um lucro de 404,9 milhões de euros.
Em 2021, em termos consolidados, o produto bancário subiu 3,4% para 2.334,4 milhões de euros, com a margem financeira a avançar 3,7% para 1.588,6 milhões de euros. Na atividade em Portugal, a margem financeira subiu 3,2% para 831,3 milhões de euros, dizendo o BCP que se deve principalmente à redução significativa do custo do financiamento (sobretudo devido a uma nova operação de refinanciamento junto do Banco Central Europeu).
As comissões líquidas cresceram 7,6% para 727,7 milhões de euros, o que segundo o banco reflete a "progressiva normalização da atividade económica, mas também a extinção das medidas de apoio aos clientes" na crise pandémica. Na atividade em Portugal as comissões subiram 6,8% para 514,3 milhões de euros.
Do lado dos gastos, os custos operacionais cresceram 2,3% para 1.115,6 milhões de euros.
Em 2021 o banco teve custos de 90,7 milhões de euros com a redução de trabalhadores. Em termos líquidos, saíram 724 funcionários, a maioria entre rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas. Há 21 que irão para tribunal, segundo o BCP.
As imparidades do crédito (líquidas de recuperações) desceram 31,6% para 348,9 milhões de euros, depois de em 2020 ter havido um reforço extraordinário devido à crise económica provocada pela pandemia da covid-19.
Olhando para o balanço, o crédito (bruto) consolidada subiu 4,6% para 58.231 milhões de euros, o que o BCP atribui aos "desempenhos favoráveis" quer da atividade em Portugal, quer da atividade internacional. Em Portugal, o crédito aumentou 3,6% para 39.866 milhões de euros.
Segundo o banco, o fim das moratórias em 2021 não teve "impacto significativo no crédito vencido", referindo que do total de 8,2 mil milhões de moratórias expiradas em 31 dezembro passado, foram 306 milhões foram alvo de reestruturação por dificuldades financeiras dos clientes.
O rácio de crédito problemático (NPE na sigla em inglês) desceu de 5,9% no final de 2020 para 4,7% em fim de 2021.
Quanto a depósitos e outros recursos de clientes, esses aumentaram 11% para 69.560 milhões de euros.
Ainda na conferência de imprensa de hoje, Miguel Maya foi questionado sobre uma eventual nova injeção de capital no Novo Banco, tendo voltado a considerar uma injustiça o esforço pedido ao BCP: "É profundamente injusto do ponto de vista da concorrência que, dos quatro trimestres do ano, haja um trimestre em que trabalhadores do BCP trabalham para alimentar" o fundo que paga o Novo Banco, afirmou.
Segundo Maya não está em causa a solução então encontrada para o caso BES/Novo Banco mas "hoje há condições para fazer alterações", não penalizando tanto os bancos concorrentes.
Em 2021, o BCP gastou 56,2 milhões de euros em contribuições obrigatórias para o setor bancário.
Quanto ao processo de concertação entre bancos, em julgamento, Maya disse que é sabido que houve troca de informações entre bancos sobre 'spreads' do crédito, mas que não houve intenção de prejudicar clientes.
"A nossa expectativa é que seja feita justiça (...). Se houve troca de informação, claro que houve é sabido, agora nunca houve intenção que a troca de informaçao tivesse intenção de prejudicar os clientes", disse, acrescentando que as trocas de informações mostram isso mesmo.
Segundo Maya, a troca de informações entre bancos era uma forma mais fácil do que cada banco ir aos balcões dos bancos concorrentes verificar os 'spreads' praticados e argumenta que aquele foi mesmo um dos períodos de mais concorrência entre bancos por quota de mercado.
"A prova do algodão é, mesmo com toda a visibilidade deste processo, BCP não tem única reclamação de clientes", disse.
Ainda assim, afirmou, perante o processo de infração da Autoridade da Concorrência, o BCP fez formação nas suas equipas "para que não se voltasse a cometer erros por desconhecimento".
Está em recurso no Tribunal da Concorrência o recurso de bancos relativamente a acusações da Autoridade da Concorrência de prática concertada de troca de informação comercial sensível, entre 2002 e 2013, nomeadamente com partilha de tabelas de 'spreads' a aplicar aos créditos (habitação, consumo e a empresas) e de volumes de produção. O processo teve origem num pedido de clemência apresentado pelo Barclays.
Neste processo, o foi condenado a pagar 60 milhões de euros. No julgamento de recurso, decorrem de momento as alegações finais.
BCP reduziu 724 trabalhadores em Portugal em 2021
O BCP fechou o ano de 2021 com 6.289 trabalhadores em Portugal, menos 724 do que no final de 2020, segundo as contas hoje divulgadas pelo banco.
Com a redução de funcionários, o BCP teve custos de 90,7 milhões de euros no ano passado.
Na conferência de imprensa de hoje para apresentação dos resultados de 2021 (lucros de 138,1 milhões de euros em 2021, menos 24,6% do que em 2020), o presidente executivo do BCP, Miguel Maya, disse que o processo de saída de trabalhadores foi "muito difícil" e "exigente para a organização", mas que foi necessário para "garantir a sustentabilidade do banco".
Quanto a agências, no fim de 2021, o BCP tinha em Portugal 434 sucursais, menos 44 do que em 2020.
Na atividade internacional, o BCP reduziu 743 trabalhadores (mais de 500 na operação na Polónia) para 9.579 no final de 2021 e 48 sucursais para 854.
No ano passado voltaram os grandes processos de reestruturação nos principais bancos, que passaram nomeadamente pela saída de milhares de trabalhadores, tendo ocorrido as principais reduções de pessoal no Santander Totta e no BCP.
A maior parte dos trabalhadores saíram por acordo (rescisão por mútuo acordo ou reforma antecipada), mas também houve funcionários abrangidos por despedimento coletivo, que no caso do BCP foram 23 trabalhadores, segundo informações divulgadas anteriormente.
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