No discurso de encerramento do XII Encontro COTEC Europa - que decorreu em Mafra e contou também com a presença do rei de Espanha e do Presidente da República italiano - Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a mudança diária da economia, "a ritmo vertiginoso", como tinha descrito o comissário Carlos Moedas no mesmo fórum.

"Aqui chegados é, porém, tempo de pararmos uns minutos para nos interrogarmos: Esta economia 4.0 não exigirá uma União Europeia 4.0? E sistemas políticos 4.0? E sistemas sociais 4.0?", perguntou.

Apesar de concordar que "nada parará a mudança", o chefe de Estado sublinhou que esta "poderá ser mais ou menos rápida, mais ou menos duradoura e, sobretudo, mais ou menos justa conforme seja acompanhada - para não dizer antecipada - por uma União Europeia 4.0, sistemas políticos 4.0, sistemas sociais 4.0".

"Isto é, por um ambiente ajustado à era digital, que maximize vantagens e minimize fragilidades nas instituições europeias, nos sistemas políticos e nos sistemas sociais", defendeu.

Sobre os sistemas sociais, Marcelo Rebelo de Sousa começou por explicar que "nem a economia nem a política são fins em si próprios" e "existem porque há pessoas de carne e osso", referindo que apesar da alucinante mudança económica, o "tempo de vida dessas pessoas é diverso".

"Não basta pensar no novo trabalho, nos novos empregos, é preciso pensar nas crescentes desigualdades, nas crescentes clivagens, nas pessoas concretas, seus diversos tempos e seus múltiplos modos", avisou.

O Presidente da República considerou ainda que a União Europeia deve aproveitar "os poucos meses que faltam para o início do longo processo eleitoral de 2019" e ousar "ir mais longe", como por exemplo na definição do horizonte para além de 2021 ou na união económica e monetária.

"Não podemos querer ter economias 4.0 com sistemas políticos 2.0 ou 3.0. Podem não inviabilizar, mas travam com certeza o ritmo do futuro", defendeu.

De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, vive-se com "mais ciência, mais tecnologia, mais inteligência criativa na economia", mas com "estruturas políticas concebidas para a Europa e para o mundo dos anos 70 a 90, estruturadas ultrapassadas, rígidas, distanciadas dos povos".

No início do discurso, o chefe de Estado português dirigiu-se ao rei de Espanha, Felipe VI, e ao presidente italiano, Sergio Mattarella, considerando que recebe-los no Palácio Nacional de Mafra "simboliza bem" o que une e desafia Portugal, Espanha e Itália "neste tempo de elevadas esperanças e tão pesadas angústias".

"Temos que continuar a ser universais", pediu.

Marcelo Rebelo de Sousa insistiu na necessidade destes países serem "profundamente europeus, refazendo a União Europeia, sem hesitações nem estados de alma".

"E agora mãos à obra de novo, que a missão é árdua, mas empolgante. A vossa missão, a missão da COTEC com estas e estes empresários que representam milhares e milhares de outros e, não esqueçamos, milhões e milhões de trabalhadores espanhóis, italianos e portugueses que estão a mudar a face do mundo com coragem, excelência e constante recreação", disse, no final do discurso, agradecendo o seu trabalho.