"Os portugueses têm muitas razões para se preocupar com a divida pública mas, como disse, temos que nos preocupar com a divida pública antes de estarmos a pedir dinheiro emprestado e temos que nos preocupar com as medidas que estamos a tomar que nos obrigam a pedir dinheiro emprestado e a elevar a divida pública", disse Maria Luis Albuquerque.

A antiga governante e vice-presidente do PSD falava aos jornalistas à margem do seminário a "Privatizações das Empresas Portuguesas", que decorreu na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, no distrito de Castelo branco.

"A divida pública é um problema grande. Nós temos mesmo que fazer diminuir a divida porque essa é que demonstra o nosso comportamento constante ao longo do tempo e os problemas estruturais que o país tem e que fez com que a divida acumulada tivesse crescido tanto", afirmou a vice-presidente do PSD.

O Banco de Portugal (BdP) divulgou hoje que a dívida pública aumentou em março para 243,5 mil milhões de euros, crescendo 23 milhões de euros face a fevereiro e cerca 10 mil milhões face ao mês homólogo do ano passado.

A instituição sinaliza ainda que a evolução da dívida pública foi acompanhada por uma diminuição dos ativos em depósitos da administração central (de 3,1 mil milhões de euros).

A dívida pública líquida de depósitos da administração central registou, assim, um aumento de 3,1 mil milhões de euros em relação a fevereiro, totalizando 226,5 mil milhões de euros, indicam os dados do BdP.

A antiga ministra das Finanças explicou ainda que a divida é o elemento mais importante que se pode observar, porque enquanto o défice é o resultado de um ano, a divida pública é o resultado da gestão ao longo dos anos.

"Aliás, esta ideia de ter medidas extraordinárias para ir sustentando um aumento da despesa corrente primária, tem a preocupação natural da insustentabilidade para o futuro", considerou.

A deputada recordou ainda que a divida pública é a "memória dos défices" e adiantou que enquanto o país tiver défices”, se estará a acrescentar à dívida.

"Depois, se tivermos muito crescimento, a divida no Produto Interno Bruto (PIB) pode reduzir-se, mas enquanto tivermos uma despesa superior aquilo que é a receita no Estado, vamos sempre estar a aumentar a divida e esse é um indicador particularmente importante quando ela já atingiu 130% do PIB", concluiu.