João Gomes Cravinho, que se encontra em Nova Iorque para uma série de reuniões e eventos na Organização das Nações Unidas (ONU), deslocou-se a Newark, no estado de Nova Jérsia, onde foi apresentado à comunidade portuguesa local, a maior dos EUA, que lhe fez chegar algumas preocupações face aos serviços consulares.
Em entrevista à Lusa, o ministro afirmou que, apesar de Newark não ter problemas “em termos de dar vazão à procura” de serviços consulares, nas próximas semanas dará alguma resposta sobre os problemas salariais apresentados, “não só em Newark como em diversos outros consulados onde há grande pressão e dificuldades”.
“Nós estamos a fazer uma análise global da situação consular. Aqui, em Newark, não há problemas em termos de dar vazão à procura, às necessidades da comunidade e também daqueles que pedem vistos e outros documentos relacionados com Portugal. Isso funciona”, declarou Cravinho.
“Mas há dois problemas associados. De facto, o nível salarial é insuficiente e temos de saber responder a isso. E, associado a isso, temos um processo de envelhecimento dos funcionários. Ou seja, há dificuldade em fazer rejuvenescer o quadro dos funcionários”, explicou.
Nesse sentido, e tendo em conta o conjunto de dificuldades sentidas em diferentes consulados à volta do mundo, o MNE anunciou que se reunirá já na próxima semana com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas para “fazerem o levantamento e identificação das respostas que podem ser desenvolvidas para cada tipo de situação”.
“Vir a Newark foi muito útil para perceber o contexto específico da cidade e as respostas que temos de dar”, frisou.
Na terça-feira, João Gomes Cravinho visitou o Consulado-Geral de Newark e posteriormente seguiu para o liceu East Side High School, onde entregou manuais escolares, numa iniciativa do Instituto Camões que visa reforçar a capacidade da biblioteca e os instrumentos pedagógicos à disposição dos professores de língua portuguesa.
Trata-se do “maior liceu de Newark, que tem mais de 20 professores portugueses, incluindo o seu diretor”, notou o ministro.
A visita a Newark terminou com um encontro com a comunidade portuguesa de Nova Jérsia no Sport Club Português, um clube centenário que tem servido de ponto de encontro, mas também de porto seguro para várias gerações de emigrantes que têm chegado à região ao longo de várias décadas.
E foi no Sport Club Português que alguns membros da comunidade portuguesa relataram à Lusa os problemas que esperam ver resolvidos após esta visita do MNE.
“O Consulado está a trabalhar bem, mas ainda há pessoas que procuram obter cidadania e não conseguem ser atendidas. Então, devem colocar mais gente e têm de pagar melhor também. A maioria das pessoas que lá trabalha não ganha muito”, apontou o português José Carlos Rodrigues, avaliando que o Consulado de Newark não consegue dar vazão à procura.
“O processo de renovação de passaporte, por exemplo, está mais facilitado, mas eles não têm muita ajuda. É preciso mais pessoas no Consulado e melhores salários”, explicou.
“A comunidade portuguesa vai ter bastantes pedidos, mas o importante é Portugal não se esquecer dos emigrantes, não esquecer que os emigrantes fazem uma grande parte de Portugal e da sua economia, através de investimentos, de quando vão lá de férias, e isso é importante”, defendeu, por sua vez, Helena Vinhas, presidente do Sport Club Português.
As preocupações da comunidade foram confirmadas pelo cônsul-geral de Portugal em Newark, Pedro Monteiro, que salientou que o MNE “está bem ciente” da situação e “está a trabalhar” no sentido de a resolver.
“As principais preocupações prendem-se com o funcionamento dos consulados. Os consulados têm feito um esforço, mas, por vezes, têm alguns problemas relacionados com recursos humanos, mas o ministro está bem ciente dessa preocupação e está a trabalhar nesse sentido”, disse à Lusa.
De acordo com Pedro Monteiro, a visita do ministro a Newark permitiu colocar em evidência “a força desta comunidade e dos diversos setores em que está presente”, desde o ensino da língua portuguesa até à área empresarial ou da construção, “onde os portugueses estão muito fortes”.
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