As posições dos partidos foram transmitidas num debate de atualidade no parlamento a propósito do Novo Banco e do seu processo de venda

O Bloco de Esquerda (BE) pediu a nacionalização e classificou a Lone Star de “fundo abutre”, o Partido Comunista Português (PCP) defendeu o banco na esfera pública mas rejeitou uma nacionalização temporária e o PSD acusou o Governo de não solucionar “coisa alguma”.

“A nacionalização do BPN, realizada em 12 de novembro de 2008 e promovida pelo governo socialista de então, foi desastrosa. Hoje, quase nove anos depois, os mesmos governantes socialistas parecem estar a tratar da reposição do filme da nacionalização de um banco”, advogou o social-democrata Marco António Costa.

Para o deputado do PSD, o Governo “sempre que é chamado a agir” sobre o sistema financeiro, “age mal”, e disso é exemplo a resolução do Banif, que “resultou numa consciente e deliberada venda a preço de saldo”, ou a “inenarrável novela em que o Governo transformou a Caixa Geral de Depósitos”.

E concretizou: “Ainda o país não se refez do episódio Caixa Geral de Depósitos e já o Novo Banco entra na berlinda mediática. Talvez assim desvie as atenções de uma Caixa Geral de Depósitos à deriva”.

A “aventada” experiência de uma nacionalização temporária do Novo Banco, seguida de uma venda a uma entidade privada, “já foi tentada no BPN e custou milhares de milhões aos contribuintes num banco de pequena dimensão”, assinalou ainda Marco António Costa.

À esquerda, a deputada do BE Mariana Mortágua, que abriu o debate, lembrou que se o Novo Banco for vendido “praticamente 70% da banca portuguesa relevante ficará em mãos estrangeiras”, com a Lone Star – na frente para comprar o banco – a não ser mais que um “fundo abutre” que pretende “desmontar a carcaça do Novo Banco” e “sugar o máximo de recursos” no tempo “mais rápido possível”.

“A única solução que protege o Novo Banco e o país é, por isso, a nacionalização. Mas também ela não está isenta de dificuldades e exigências”, as maiores das quais “nas pressões” de Bruxelas e do Banco Central Europeu, frisou Mariana Mortágua.

A nacionalização do Novo Banco, a suceder, deve ser “transparente”, logo na “rigorosa avaliação” do “balanço, ativos e garantidas” da entidade, continuou a parlamentar.

Já o comunista Miguel Tiago colocou de parte uma nacionalização temporária da entidade, considerando que “nacionalizar temporariamente não seria para o Estado e para os portugueses mais que assumir os prejuízos passados para entregar os lucros futuros”.

Nesse sentido, o PCP pretende uma integração do Novo Banco no “sistema público bancário”, levando a uma “valorização de longo prazo” da instituição e na sua crescente importância para famílias e empresas portuguesas.

Na semana passada, o Banco de Portugal anunciou que a Lone Star é a entidade mais bem colocada para comprar o Novo Banco, convidando-a para um “aprofundamento das negociações”, manifestando em seguida o Ministério das Finanças esperança de que o processo seja concluído com celeridade.

Segundo o Jornal de Negócios, a proposta do Lone Star consiste numa oferta de 750 milhões pelo Novo Banco e admite uma injeção de mais 750 milhões.

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