No inquérito da OCDE sobre literacia financeira divulgado hoje, 35% dos portugueses responderam que nem sempre têm dinheiro para cobrir as suas necessidades e 16% admitiram que já recorreram ao crédito para as satisfazer.

Assim, Portugal fica acima da média dos países da OCDE, em que 27% dos inquiridos admitem não ter rendimentos suficientes para satisfazer as necessidades básicas e 14% recorreram ao crédito para as cobrir.

Portugal fica também acima da média, mas apenas ligeiramente, do conjunto dos 30 países que responderam ao inquérito, em que 34% dos inquiridos responderam não ter rendimento para cobrir as suas necessidades e 20% admitiram recorrer ao crédito.

Este é um dos pontos onde Portugal se destaca pela negativa, mas na avaliação geral de literacia financeira o país fica ligeiramente acima da média geral e da OCDE, embora os níveis gerais sejam "bastante baixos", considera a instituição.

Num total de 21 pontos, em áreas que combinam conhecimento, atitudes e comportamentos, a média do conjunto dos 30 países que responderam ao inquérito é de 13,2 pontos, enquanto a dos países da OCDE é de 13,7 pontos.

Portugal fica acima da média, com 14 pontos, mas, ainda assim, a OCDE considera que "há uma margem significativa para melhoria" em todos os países.

Para a OCDE, os níveis de literacia financeira "são mais baixos do que o esperado por um conjunto variado de razões - nuns casos [a falta de] conhecimento é um problema, noutros os comportamentos são particularmente problemáticos".

Além disso, "há grandes variações nos níveis de conhecimento financeiro entre os países". Cerca de 60% dos inquiridos portugueses tiveram uma pontuação mínima de cinco (em sete) em questões sobre conhecimento financeiro, uma classificação que está acima da média dos 30 países inquiridos (56%) e abaixo da média dos países da OCDE (62%).

A OCDE também concluiu que o conhecimento financeiro varia por género: em 18 das 30 economias que participaram no inquérito, os homens têm pontuações mais elevadas do que as mulheres.

Em Portugal, 67% dos homens inquiridos e 54% das mulheres têm uma pontuação de pelo menos cinco (em sete) nas questões sobre conhecimento financeiro.

Em 15 países e economias, menos do que metade dos adultos definem objetivos financeiros de longo prazo e tentam alcançá-los, um "comportamento que é essencial para a segurança e bem-estar financeiros de longo prazo", defende a OCDE. Pelo contrário, em Portugal, por exemplo, mais de seis em 10 inquiridos tem tendência em favorecer o longo prazo.