“A proposta considera como referencial para aumentos salariais de 2020 a taxa de inflação observada até novembro de 2019 (de 0,3%, para todos os trabalhadores)”, avançou o Ministério das Finanças em comunicado na tarde de quarta-feira, enquanto decorriam as negociações orçamentais com os sindicatos no Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, em Lisboa.
Segundo adiantou aos jornalistas o secretário de Estado do Orçamento, João Leão, o impacto do aumento salarial da função pública em 2020 será de 60 a 70 milhões de euros.
O Governo defende que a atualização salarial no próximo ano, somada às outras medidas já tomadas com impacto nas remunerações, como o descongelamento das progressões na carreira, terá um custo total de 715 milhões de euros, correspondente a um aumento médio de 3,2% por trabalhador.
O valor representa um aumento de 49 milhões de euros face a 2019, em que são esperados gastos de 666 milhões de euros, destaca o Governo num documento divulgado após as reuniões de quarta-feira com os sindicatos.
O argumento do executivo não convenceu os dirigentes sindicais, que exigem aumentos salariais de 3% ou superiores.
A líder da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila, considerou a proposta “um insulto” aos trabalhadores.
“O que está em cima da mesa é uma proposta de aumentos para os trabalhadores da administração pública de acordo com a inflação verificada em dezembro que pode ser de 0,3% ou 0,4%, ou seja, de dois euros para os assistentes operacionais por mês, oito cêntimos por dia”, disse Ana Avoila.
“Não abdicamos de propor os 90 euros para todos os trabalhadores”, frisou a sindicalista da estrutura da CGTP.
Já o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap), José Abraão, que pede uma atualização de 3,5% para 2020, considerou a proposta “uma ofensa” aos funcionários públicos que estão há dez anos sem aumentos salariais.
A presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Helena Rodrigues, disse que na reunião o Governo adiantou que os aumentos salariais terão por base a inflação que se irá verificar no final do ano, sem adiantar números, mas o valor ficará longe dos 3% exigidos pela organização sindical.
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