“O cenário macroeconómico subjacente à NPOE/2022 é globalmente coerente com as projeções mais recentes para a economia portuguesa, que incorporam uma avaliação dos efeitos do conflito na Ucrânia na economia nacional”, lê-se no parecer do CFP hoje divulgado.

Perante os riscos do cenário do Ministério das Finanças, a incerteza do panorama macroeconómico e as projeções para a economia, o CFP considerou que o cenário macroeconómico subjacente à proposta “afigura-se como provável”. 

O Ministério das Finanças estima que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer em volume 4,9% este ano, mantendo inalterado o crescimento observado no ano anterior.

No seu parecer, o CFP destacou que a estimativa das Finanças está em linha com o valor anunciado pelo Banco de Portugal (BdP) e é “marginalmente superior” aos 4,8% apresentados por este organismo, presidido por Nazaré da Costa Cabral.

As Finanças antecipam também um aumento nas pressões inflacionistas, “o que se deverá traduzir numa aceleração do crescimento do deflator implícito do PIB de 0,7% em 2021 para 2,5% em 2022”.

O CFP recordou que a invasão da Ucrânia e as consequentes sanções impostas à Rússia levaram a uma “elevada incerteza” económica, geopolítica e social, verificando-se um aumento dos preços das matérias-primas.

No mesmo sentido, os custos de produção e a recuperação da procura interna são penalizados por este contexto.

“Desconhecendo-se qual será a duração do conflito, a incerteza quanto à amplitude dos impactos e efeitos de arrastamento è exacerbada. Essa incerteza já se está a refletir nos indicadores de conjuntura”, notou. 

Por outro lado, as previsões, face ao documento de programação orçamental anterior, apresentam uma “revisão em baixa” da expectativa de crescimento da atividade económica (menos 0,1 pontos percentuais) e em alta da taxa de inflação esperada para este ano (0,7 pontos percentuais). 

Estas revisões, conforme apontou, têm em conta as dinâmicas de indicadores de conjuntura e evidenciam “algum grau de degradação das perspetivas de crescimento económico e pressões inflacionistas mais elevadas”.

Ao não “diferir significativamente” das projeções deste organismo e do BdP, o cenário apresentado pelo ministério tutelado por Fernando Medina “partilha naturalmente os riscos macroeconómicos já destacados por estas instituições”.

Já no que se refere às componentes macroeconómicas que mais influenciaram as variáveis orçamentais, o aumento do crescimento do PIB nominal acompanha a perspetiva do CFP, “sendo a diferença justificada com a perspetiva para a dinâmica da atividade económica”.

O aumento da taxa de variação prevista para o consumo privado nominal também segue a perspetiva deste organismo, mas apresenta diferenças na composição volume/preço, que representam um “risco descendente para a dinâmica macroeconómica”. 

A diminuição da taxa de desemprego também aparece nas projeções do CFP e do BdP e no que se refere à dinâmica das remunerações na economia, as Finanças antecipam um maior abrandamento do que o CFP.

Por último, este organismo referiu que a dinâmica da formação bruta de capital fixo (FBCF) tem riscos implícitos em baixa para o volume e em alta para o preço.

“[…] Uma execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a um nível inferior ao esperado poderá afetar o desempenho do investimento em volume. Por outro lado, o contexto de forte aceleração dos preços das matérias-primas, disrupções nas cadeias de valor global, dificuldades de logística e transporte e outros constrangimentos do lado da oferta, poderão ter um impacto significativo no aumento do preço do investimento e numa potencial redução do volume”, indicou.

 [Notícia atualizadas às 16:15]