O editorial da edição de hoje do Avante!, órgão oficial do PCP, foi inteiramente dedicado ao anunciado 'chumbo', na terça-feira, por parte dos comunistas da proposta de OE2022 nos moldes atuais.
O partido sustentou que os “problemas e fragilidades do país” avolumaram-se com a pandemia e que, neste momento, o país precisa de uma “outra política, que abra perspetivas de um novo caminho da vida” económico-social, “com soluções e respostas claras”, que estão para lá da discussão do próximo Orçamento do Estado.
O editorial tem enumeradas as matérias que necessitam de “solução” por parte do Governo socialista: salários, pensões, direitos laborais, custos da energia, habitação, proteção e apoio à infância e às crianças, serviços públicos e controlo público de “empresas estratégicas”.
A proposta de OE2022 entregue na segunda-feira no parlamento e apresentada no dia seguinte pelo ministro das Finanças “está longe” de responder a estas carências, completou o PCP.
“O que se verifica nesta proposta de OE em vários domínios são respostas marginais, determinadas e condicionadas pelos critérios do défice que o Governo mantém como condicionante maior à resposta de que o País precisa”, é acrescentado.
Por essa razão, “ela conta hoje com a oposição, o voto contra do PCP”, sustentam, expressão já utilizada pelo líder parlamentar comunista, João Oliveira, no final da tarde de terça-feira, quando o partido anunciou o 'chumbo' do OE2022 como está.
Contudo, “até à sua votação na generalidade ainda é tempo de encontrar soluções”, e o PCP “não deixará de intervir para garantir soluções que integrem esse sentido diferente de consideração e resposta aos problemas nacionais”, que é “indispensável para a vida” do país.
O membro da Comissão Política do PCP Vasco Cardoso também aproveita o espaço de opinião do Avante! para referir que o Orçamento do Estado “não define por si só uma política, mas também não pode deixar de traduzir opções que lhe estão subjacentes, nem deixar de estar articulado com outros instrumentos que cada um dos governos dispõe para responder”.
“Se essa for a intenção”, acrescentou.
Vasco Cardoso disse que foi “esse o enquadramento que pesou na avaliação” feita pelo partido “ao longo dos últimos anos” sobre cada proposta apresentada pelo Governo.
“Uma avaliação que não desperdiçou nenhuma oportunidade, na correlação de forças existente, para travar medidas negativas, repor direitos e rendimentos e conquistar avanços que não podem deixar de ser valorizados”, sustentou.
A intervenção do PCP desde 2015 ficou clara, mas também “ficaram claras as opções de classe” do PS, “resistindo a muitas das medidas, adiando tantas outras, adulterando algumas e recusando quase sempre o que de mais estrutural se impunha”.
“Se não se foi mais longe, foi porque o PS não quis”, acrescentou o dirigente comunista.
Sobre o “tratamento mediático dado” ao Orçamento do Estado, considerou, “mais do que a realidade, impera a fantasia”.
No artigo de opinião de uma página, Vasco Cardoso disse que existe uma “fantasia sobre o real alcance do que o Orçamento do Estado comporta e fantasia sobre o real posicionamento do PCP”.
“Mas a realidade é esta: o País precisa de respostas que o Governo se recusa a dar e o PCP não determinará o seu posicionamento por outro critério que não o da correspondência entre as necessidades do País e as opções que se venham a assumir”, finalizou.
Ao todo são quatro páginas, entre o editorial, um artigo de opinião e um texto que expõe o que foi apresentado pelo líder da bancada comunista que argumentam a posição contra tornada pública no início da semana.
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