Em conferência de imprensa de apresentação dos resultados semestrais, Miguel Maya afirmou que, “olhando para todo, não há um problema [no crédito à habitação devido à subida das taxas de juro], mas olhando cada caso concreto há problemas” e aí é que preciso “encontrar soluções que permitam que os problemas sejam ultrapassados”.

Esta análise de que problemas no crédito à habitação existem mas são pontuais, pois em geral as famílias estão a conseguir pagar os empréstimos, tem sido comum aos presidentes dos principais bancos.

Na semana passada, o presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, considerou que “não há um problema de crédito à habitação transversal na sociedade portuguesa”, mas em “algumas franjas”.

Miguel Maya foi ainda questionado sobre as declarações do ministro das Finanças, Fernando Medina, de que o Governo está a trabalhar com os bancos para mitigar a subida das prestações do crédito.

Em resposta, o presidente do BCP disse que isso não altera a prática do banco, pois já propõe taxa fixa, quer para novos créditos, quer para quem renegoceia o crédito.

“O que quer que diga o Governo, o ministro das Finanças, não altera nada, porque isso já é prática. (..) Taxa fixa temporária é o que chamamos de taxa mista, nada disto é novo”, afirmou.

O BCP divulgou lucros de 423,2 milhões de euros no primeiro semestre, quase sete vezes os 62,2 milhões de euros registados dos primeiros seis meses de 2022.

No ano passado, o BCP tinha anunciado lucros de 74,5 milhões de euros no primeiro semestre, tendo agora revisto esses resultados líquidos para 62,2 milhões de euros, justificando que se deveu à alteração das regras contabilísticas das participações em seguradoras.

Segundo o banco, não houve alteração das contas, mas o valor foi reexpresso para ter “valor comparável”.