“Essas micro soluções são insuficientes e é preciso dar passos adiante”, afirmou aos jornalistas o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, durante uma visita à feira agropecuária Ovibeja, em Beja.
O relatório do grupo de trabalho apresenta uma proposta de reestruturação da dívida portuguesa em 31% para 91,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e pede ao Governo “cenários concretos” de reestruturação para serem utilizados em discussões europeias.
Jerónimo de Sousa argumentou que o que é proposto pelo grupo de trabalho “não toca na questão dos montantes, deixa de fora aqueles que especulam com a dívida e corresponde a uma gestão corrente da dívida, aceitando os constrangimentos e as imposições da União Europeia”.
“Não é isto que o país precisa. O país precisa de uma visão estrutural da reestruturação da dívida”, contrapôs, lembrando que o PCP já propôs a criação de um grupo de trabalho sobre a dívida na Comissão de Orçamento e Finanças da Assembleia da República.
O objetivo do grupo de trabalho proposto pelo PCP, assinalou, passa por tentar perceber como o país chegou a esta situação e pensar “num processo de renegociação dos montantes, juros e prazos” para permitir “libertar as verbas necessárias para o crescimento e desenvolvimento”.
“Se queremos uma solução duradoura e que corresponda ao interesse nacional, precisamos da renegociação, com enfrentamento”, realçou o líder comunista, referindo que Portugal, mesmo numa posição de devedor, tem direitos.
Jerónimo de Sousa disse esperar que, apesar de as propostas do grupo de trabalho do Bloco de Esquerda e do PS serem insuficientes, “ninguém arrume a viola no saco”, alegando que o problema da dívida é “uma coisa muito séria”.
“Podemos assobiar para o lado e sentimo-nos satisfeitos com posições minimalistas, mas, para um país que precisa de crescer e de se desenvolver, ter este serviço da dívida e este montante da dívida e encontrar pequenas melhorias não é isto que precisa”, advertiu.
Questionado pelos jornalistas sobre a descida da taxa de desemprego divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o líder do PCP atribuiu-a ao atual “ambiente” económico, que “permitiu o crescimento e a criação de emprego”.
“Bastou a melhoria das condições de vida e a devolução de rendimentos e direitos para se verificar essa melhoria. Isso resulta, de facto, do aumento do consumo, de as pessoas não acordarem com a preocupação de, na semana seguinte, verem o seu salário cortado, a sua reforma mais reduzida”, disse.
Mas, continuou Jerónimo de Sousa, que “ninguém se sinta satisfeito” com estes números, porque subsiste “uma preocupação”.
Portugal, frisou, é um país com “dezenas de milhares de desempregados”, às quais se têm de acrescentar “centenas de milhares de trabalhadores com vínculo precário”, pelo que o desemprego “é um problema sério”.
Comentários