Depois de ter participado no arranque da cimeira por videoconferência consagrada ao plano de recuperação pós-pandemia, David Sassoli afirmou em conferência de imprensa, realizada também por vídeo a partir de Bruxelas, que manifestou na ocasião “as profundas preocupações do PE”.
“Num passado recente, foi possível assistir aos efeitos devastadores da crise nas economias e na vida dos cidadãos em toda a Europa e é por isso que estamos extremamente preocupados, porque podemos voltar a entrar nessa espiral”, referiu o presidente do PE aos jornalistas.
Para evitar este cenário, David Sassoli apelou aos chefes de Governo e de Estado da UE que recorram a “todos os instrumentos possíveis e disponíveis”, incluindo os designados ‘recovery bonds’ defendidos pelo PE, isto é, títulos de dívida emitidos pela Comissão Europeia e garantidos pelo orçamento comunitário.
“Vamos precisar de um plano para reconstruir a nossa economia, para salvar o nosso património e, ao mesmo tempo, para garantir a criação de postos de trabalho e o crescimento económico possível”, salientou o líder da assembleia europeia.
Numa alusão às divergências entre os países, que podem levar a cimeira de hoje ao ‘fracasso’, David Sassoli destacou: “Ninguém consegue fazer isto [recuperar] sozinho”.
Observando que os instrumentos europeu já aprovados “vão na direção certa”, o presidente do PE exortou os líderes europeus a “fazerem tudo o que puderem para ser possível superar esta crise”, nomeadamente equacionando a emissão de dívida e o reforço do quadro financeiro plurianual 2021-2027, visando um “verdadeiro plano Marshall”.
David Sassoli apontou ainda a necessidade de avançar “o mais rapidamente possível”.
Os líderes da União Europeia iniciaram hoje à tarde uma cimeira por videoconferência consagrada ao plano de recuperação para superar a crise provocada pela covid-19, mas assumidamente sem expectativas de acordar desde já os detalhes e montante do mesmo.
A anterior cimeira, celebrada há já quase um mês (26 de março), ficou marcada por fortes desavenças sobre como a Europa deve responder à crise, e ao cabo de muitas horas de discussões acesas os líderes limitaram-se a mandatar o Eurogrupo a apresentar no prazo de duas semanas propostas concretas, tendo em resposta os ministros das Finanças acordado na semana passada um pacote de emergência num montante global de 500 mil milhões de euros, mas deixando o grande plano de reconstrução ainda em aberto.
Os líderes europeus deverão adotar hoje esse pacote de emergência, constituído por três “redes de segurança”: uma linha de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade, através da quais os Estados-membros podem requerer até 2% do respetivo PIB para despesas direta ou indiretamente relacionadas com cuidados de saúde, tratamentos e prevenção da covid-19, um fundo de garantia pan-europeu do Banco Europeu de Investimento para empresas em dificuldades, e o programa «Sure» para salvaguardar postos de trabalho através de esquemas de desemprego temporário.
No entanto, relativamente ao fundo de recuperação, que poderá ascender aos 1,5 biliões de euros, o Eurogrupo ‘passou a bola’ de novo aos chefes de Estado e de Governo, que, por seu turno, deverão então solicitar à Comissão que apresente uma proposta concreta sobre os seus moldes e envergadura.
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