Mario Draghi falava numa cerimónia na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, em Lisboa, após ter sido condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, distinção pela qual agradeceu.

"Mas há outra razão pela qual estou extremamente satisfeito. Estou no final do meu mandato e os meus oito anos coincidiram com a história de Portugal, em vários sentidos. De certa maneira, para Portugal é o fim de uma longa e penosa jornada. E agora o país está solidamente no caminho do crescimento", declarou.

Segundo o economista italiano, "existe uma razão principal pela qual tudo isto está a acontecer, e é o espírito com que Portugal fez a sua integração europeia".

Numa curta intervenção, em inglês, o presidente do BCE recordou o recente período de assistência financeira e a forma como diferentes partidos - PS, PSD e CDS-PP - se comprometeram com o programa negociado em 2011.

"Há algo que é inesquecível penso que para todos nós, foi quando, à beira das eleições, os dois partidos decidiram que, qualquer que fosse o resultado, respeitariam o programa que tinham negociado com a Comissão Europeia. Esse é um momento marcante, porque, que eu saiba, não aconteceu em mais nenhum lugar", afirmou.

No seu entender, isto demonstra "o sentido de propriedade da integração, do espírito de integração" na União Europeia por parte de Portugal, que é algo que "nunca muda, independentemente do Governo".

"É isto que é particularmente impressionante, é isto que me deixa extremamente satisfeito hoje porque Portugal é um símbolo do que é a integração europeia", concluiu Mario Draghi.

Marcelo condecora Mario Draghi em reconhecimento pelo "excelente" mandato no BCE

O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou hoje o economista italiano Mario Draghi com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, em reconhecimento pelo seu "excelente" mandato como presidente do Banco Central Europeu (BCE).

"O seu papel foi central para ultrapassar a crise e para criar condições para uma economia europeia mais forte. O seu desempenho como presidente do BCE foi excelente. Portanto, é um grande prazer e uma honra dar-lhe esta distinção", afirmou o Presidente da República, na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, em Lisboa.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a atribuição do Grande-Colar da do Infante D. Henrique - habitualmente atribuído a chefes de Estado - a Mario Draghi traduz o reconhecimento de Portugal pelo seu mandato à frente do BCE, iniciado em 2011 e que agora termina, "e por tudo o que fez pela Europa e pela zona euro e, acima de tudo, pelos europeus".

"E pelo mundo, porque qualquer pessoa que saiba história compreende por que é que a Europa é tão importante para o equilíbrio de poderes no mundo", acrescentou o chefe de Estado.

Assistiram a esta cerimónia o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, os ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e das Finanças, Mário Centeno, e os governadores do Banco de Portugal, Carlos Costa, e dos bancos centrais de outros países europeus, como a Bélgica, o Chipre e a Grécia.

Numa intervenção em inglês, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que Mario Draghi assumiu a presidência do BCE durante "um período de profunda adversidade económica e financeira para a Europa, que atravessava o pico da crise das dívidas soberanas".

"A resposta do BCE em defesa da estabilidade financeira da Europa, assim como da moeda única, deu um contributo significativo para ultrapassar estas dificuldades com sucesso", elogiou.

De acordo com o Presidente da República, foram, acima de tudo a "crença no projeto europeu" e a "coragem política" de Mario Draghi que tornaram possível "implementar medidas tão importantes cujo sucesso é visível e amplamente reconhecido".

"O desempenho das políticas monetárias que foi implementado pelo BCE dinamizou as economias europeias, não apenas aquelas da moeda única, mas também toda a União Europeia", acrescentou, defendendo que, "apesar das dificuldades enfrentadas por alguns países durante a crise económica e financeira", foi possível salvaguardar "a confiança na moeda única".

Marcelo Rebelo de Sousa recordou que convidou o presidente do BCE em 2016 para uma reunião do Conselho de Estado, o seu órgão político de consulta.

Em relação ao futuro, defendeu que "a UE deve continuar a trabalhar para reforçar a coesão económica e social, para reforçar a integração e, ao mesmo tempo, as instituições europeias".

O Grande-Colar do Infante D. Henrique é o mais alto grau desta ordem honorífica e é concedido pelo Presidente da República a chefes de Estado estrangeiros, podendo ainda ser atribuído a antigos chefes de Estado e "a pessoas cujos feitos, de natureza extraordinária e especial relevância para Portugal, os tornem merecedores dessa distinção".

(Artigo atualizado às 20:53)