"Segundo a comunicação social, foi o Presidente da República que disse, antes de o Governo tomar posse, que não queria o Chega no Governo. Se não queria o Chega no Governo, deve estar à espera que o PS apoie o Orçamento do Estado do Governo, não o Chega, uma vez que não queria o Chega no Governo nem queria que o Chega fizesse parte desta solução", afirmou.
André Ventura falava aos jornalistas antes de uma visita aos bombeiros de Mourão, distrito de Évora, iniciativa no âmbito da campanha para as eleições europeias de 09 de junho.
O Presidente da Republica alertou hoje para a importância de garantir a viabilização do próximo Orçamento do Estado para manter o equilíbrio das contas públicas, apelando ao diálogo entre o Governo e a oposição.
O líder do Chega disse que o seu partido "está muito à vontade nisso", e ainda não tem uma posição fechada. Irá ter "quando o orçamento for conhecido", indicou, afirmando que vai ver "caso a caso".
"O PS fará o que entender e também não me surpreende se o PS aprovar o orçamento, uma vez que PS e PSD há 40 anos que distribuem as coisas entre eles", afirmou, recusando que a pressão seja posta no Chega.
"O Chega andou durante um mês a dizer vamos ter uma solução estável para Portugal, vamos chegar a uma solução que permita orçamentos, reformas, combate à corrupção etc.. Luís Montenegro disse nãoo quero e agora é ó mãe, ó mãe que vem aí o tempo do orçamento", disse.
Dirigindo críticas ao Governo, André Ventura considerou que o caminho que o executivo está a seguir "não augura um bom presságio em matéria de concretizações" e disse não ver "um setor contente".
"O Governo de Luís Montenegro não pode querer o apoio de todos, não negociando com ninguém, e andando arrogantemente perante o parlamento e a pedir o apoio do Presidente da República", alertou, defendendo que "o povo português avaliará depois".
"O que eu não concebo é ver o Presidente da República agora a dizer vejam lá se apoiam o governo do PSD", afirmou, considerando que o primeiro-ministro "afinal é um figurante, quem manda neste governo é Marcelo Rebelo de Sousa".
O líder do Chega alegou que o chefe de Estado "está mais preocupado com este Governo do que estava com outros" liderados pelo socialista António Costa e disse esperar "coerência em relação às decisões que tome se o Orçamento não passar".
Ventura disse não estar a preparar-se para eleições legislativas, que só é obrigado a responder ao povo português e que o sentido de voto quanto ao orçamento "nada terá que ver com o resultado das eleições".
"Cada um assumirá a sua responsabilidade e o país nestas europeias já dará um sinal se está contente com o caminho que estamos a seguir ou não. Pelas sondagens eu diria que não está muito contente", considerou, antecipando que os eleitores darão "um cartão amarelo" ao PSD e "com este plano da saúde já será um cartão mais próximo do vermelho".
Relativamente a esta visita aos bombeiros de Mourão, o líder do Chega referiu o recente episódio em que bombeiros desta corporação foram apedrejados quando se deslocavam para combater um incêndio rural junto ao bairro Luís de Camões, naquela vila, e disse estar em causa "novamente um problema com a comunidade cigana", defendendo que "este clima de impunidade tem de acabar".
No final da visita à corporação houve ainda tempo para um jogo de matraquilhos, Ventura e Tânger Corrêa na mesma equipa.
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