“Se conseguirmos concretizar tudo como temos planeado, por um lado, e se não houver um agravamento das condições pandémicas ou outras coisas quaisquer que possam vir a surgir, as iniciativas confluem para que 2023 seja, de facto, um ano de inversão e a operação se torne sustentável a partir daí”, declarou hoje Luís Rodrigues.

O gestor falava aos jornalistas depois de ter apresentado as linhas gerais do plano de reestruturação da empresa para o período entre 2021 e 2025, documento ainda a ser negociado com Bruxelas.

No plano, é estimada para este ano uma perda de 28 milhões de euros, em 2022 o resultado deverá andar perto do zero e, em 2023, já são admitidos lucros na casa dos 23 milhões de euros.

O plano de reestruturação da transportadora prevê, até 2025, poupanças totais de 68 milhões de euros.

Luís Rodrigues adiantou os “quatro pilares” que levarão às referidas poupanças: a reestruturação da frota, a eficiência operacional, a negociação com fornecedores e a agilização do trabalho.

Na agilização do trabalho, Luís Rodrigues incorporou campos como a redução salarial, que será, no seguimento de negociações com sindicatos, de 10%, ou a “rescisão negociada de trabalhadores”.

O corte de 10% será aplicado aos vencimentos acima dos 1.200 euros brutos mensais, foi ainda revelado.

Já no que se refere à saída dos trabalhadores, o gestor declarou que saíram já, em regime de reformas antecipadas ou pré-reformas, um total de 48 quadros, sendo esperadas mais 100 saídas até 2023.

“O plano estratégico de transformação constrói as bases para a SATA se tornar competitiva e financeiramente sustentável no futuro, enquanto se foca na sua missão”, defende a transportadora aérea açoriana, detida a 100% pela região.

Junto da Comissão Europeia, Luís Rodrigues sublinhou que, antes de encetar diálogo sobre o plano de reestruturação e outras matérias, foi necessário "construir credibilidade" em torno da empresa para "conversas construtivas" sobre o futuro.

José Manuel Bolieiro confia no sucesso do plano de reestruturação da SATA

"O nosso entendimento é que é um bom plano, mas ainda está dependente de negociação" com a Comissão Europeia, sublinhou hoje o chefe do executivo regional.

Bolieiro, juntamente com responsáveis de todos os partidos com assento parlamentar nos Açores, tomou hoje conhecimento em Ponta Delgada das linhas gerais do plano de reestruturação da SATA para o período até 2025 - momentos depois, seria a comunicação social a privar com os responsáveis da empresa sobre o documento.

Sobre as medidas do plano, Bolieiro comentou: "Não se trata de medidas duras, tratam-se de medidas necessárias [e] que protegem os trabalhadores".

O governante lembrou ainda que as dificuldades da empresa antecedem a pandemia de covid-19, e quer a atual administração quer o recém-empossado Governo Regional carregam um "histórico e legado" de dificuldades motivadas pelo "passado recente" de prejuízos da empresa.

As duas transportadoras da SATA fecharam o terceiro trimestre de 2020 com prejuízos de 61 milhões de euros, valor superior aos 38,6 milhões negativos do período homólogo de 2019.

A operação da SATA em 2020, à imagem da globalidade das transportadoras aéreas, foi fortemente condicionada pela pandemia de covid-19, tendo a empresa parado a operação durante a maior parte do segundo trimestre do ano.

Todavia, os prejuízos globais do grupo açoriano haviam já sido de 53 milhões de euros em 2019, valor em linha com a perda registada em 2018.

A SATA pediu recentemente um auxílio estatal de 133 milhões de euros, operação aprovada por Bruxelas e que segue em paralelo com o plano de reestruturação.

No entanto, a Comissão Europeia abriu um procedimento para Portugal provar que os três aumentos de capital recentes na transportadora açoriana não foram ajudas do Estado.