“O Presidente do Conselho de Administração Executivo do Novo Banco [António Ramalho] não só está disponível para prestar todos os esclarecimentos no reinício dos trabalhos parlamentares como se disponibilizará em qualquer momento, até em agosto, se a Comissão de Orçamento e Finanças assim o pretender”, lê-se na mesma nota.

“O Conselho de Administração [CA] Executivo do Novo Banco regista – sem classificar – a circunstância de estar neste momento a ser publicamente comentada uma operação realizada, anunciada e auditada em 2018, a escassos dias de ser concluída a auditoria especial sobre esse período e antes de ouvidos os respetivos intervenientes, com base num artigo de jornal”, adiantou o comunicado, indicando que o banco não “contraditará estes comentários até à divulgação dos resultados da auditoria em curso”.

O CA assegurou que “está e estará sempre disponível para prestar todos os esclarecimentos e garantir, no que lhe diz respeito, o cabal esclarecimento por quaisquer meios das dúvidas existentes, perante qualquer órgão de soberania”.

No mesmo comunicado, o CA “reafirma que as operações realizadas sobre imóveis sempre o foram de acordo com os princípios de boa conduta e práticas bancárias adequadas e seguramente na estrita obediência da lei e dos contratos assinados em 2017, incluindo a gestão partilhada dos ativos protegidos que eventualmente podem gerar perdas a suportar pelo seu acionista Fundo de Resolução”.

Esta terça-feira, o banco informou que tinha enviado à Procuradoria-Geral de República [PGR] informação sobre vendas de imóveis, após o primeiro-ministro ter pedido proteção dos interesses estatais, e que as alienações do projeto Viriato não implicaram perdas diretas para o Fundo de Resolução.

"Refira-se ainda que o Novo Banco se tem mostrado sempre totalmente disponível para esclarecer todas as dúvidas existentes, e que nomeadamente enviou ontem [segunda-feira], em antecipação, um conjunto detalhado de informação à PGR referente à venda dos referidos imóveis integrados no projeto Viriato e Sertorius", referiu o comunicado divulgado pelo Novo Banco.

O Expresso noticiou no sábado que António Costa enviou uma carta à procuradora-Geral da República, Lucília Gago, onde pede a suspensão da venda de ativos do Novo Banco até que esteja concluída a auditoria que está a ser feita pela Deloitte.

Segunda a carta, a que a Lusa teve posteriormente acesso, o chefe do Governo fala das acusações feitas no parlamento pelo presidente do PSD, Rui Rio, sobre as vendas de ativos pelo Novo Banco para sustentar o pedido para que o Ministério Público desenvolva "os procedimentos cautelares adequados à proteção dos interesses financeiros do Estado" até que a auditoria esteja concluída.
Na segunda-feira, fonte oficial da PGR disse que a carta de António Costa "encontra-se em análise".

O jornal Público noticiou, no início de julho, que o lote de quase 200 imóveis vendido em agosto de 2019 com um desconto próximo de 70% a entidades ligadas ao fundo de investimento Cerberus teve perdas de 328,8 milhões de euros e que esse fundo é o principal acionista do banco austríaco Bawag PSK, que era liderado por Byron Haines até meados de 2017, pouco antes de este assumir o cargo de 'chairman' do Novo Banco (presidente do Conselho Geral e de Supervisão).

Já hoje, o Público noticiou que a venda de outro conjunto de imóveis feita em outubro de 2018 (projeto 'Viriato', como designou o Novo Banco) foi feita a entidades de um fundo registado nas ilhas Caimão em que se desconhecem os donos, com preço significativamente abaixo do registado (os imóveis estavam registados no balanço do banco por 631 milhões de euros e foram vendidos por 364 milhões), tendo o Fundo de Resolução coberto perdas de centenas de milhões de euros. Além disso, o negócio foi feito com dinheiro que o Novo Banco emprestou ao fundo para este fazer esta aquisição.

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