“Produtores de referência de regiões como o Douro estão a vir há uns anos para cá para também fazerem vinhos na região do Dão. Portanto, tudo isto é um bocado reflexo da redescoberta que se está a ter nos vinhos do Dão”, assumiu Arlindo Cunha.
O presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Dão explicou que estes vinhos “são diferentes, são vinhos com maior frescura, com maior riqueza aromática e com outro tipo de equilíbrio”, fruto do designado ‘terroir': a conjugação de três fatores como o clima, os solos e as castas.
“Os três fatores conjugados dão vinhos diferentes e específicos e o ‘terroir’ do Dão, com um clima que não é tão seco como o Douro, uns solos graníticos que dão mais acidez e mais taninos, mais frescura ao vinho, é esta diferença que está a ser descoberta pelo mercado e está na base do sucesso”, explicou o presidente.
Arlindo Cunha compreende que “é normal que produtores que estão no Douro, e continuam a ter muitos sucessos no Douro, entendem que é altura de terem no seu portefólio de oferta também vinhos do Dão por serem diferentes e é por isso que, ano após ano, têm vindo ao Dão produtores que também querem produzir no Dão”.
Um sucesso que o responsável também associa “à tecnologia, com vinhas bem feitas, bem expostas, bem trabalhadas, a uma boa viticultura e uma boa enologia, por isso é que os vinhos do Dão, e em geral os vinhos portugueses são um setor muito competitivo em termos internacionais, porque têm uma relação preço qualidade praticamente imbatível”.
“A quantidade de vinho da região demarcada do Dão que é certificado, ou seja, vinho que tem qualidade superior para ir para o mercado com selos do vinho do Dão, aumentou, nos últimos cinco anos, 46,2%, o que significa que o mercado está a absorver e a procurar mais vinho do Dão”, explicou.
No entender de Arlindo Cunha, este sucesso é fruto de um trabalho de “reinvenção” que começou “no início deste milénio” para reagir “à concorrência que o Dão não tinha no segmento dos vinhos maduros tintos, até à entrada de Portugal na União Europeia, quando outras regiões como o Alentejo começaram a produzir vinho com os fundos comunitários”.
“Demorou cerca de duas décadas a reagir mas, quando reagiu, o Dão veio com armas muito boas, armas competitivas muito fortes, tem vinhos muito equilibrados, muito elegantes, é o berço de várias castas emblemáticas em Portugal, como é o caso do Touriga Nacional e do Encruzado, no caso dos brancos”, contou.
No seu entender, o mercado atual está a descobrir os vinhos brancos da região, para além dos tintos, e também está a descobrir “a frescura e o equilíbrio” nos vinhos do Dão, o que os tem levado a “ganhar sucessivamente imensos prémios internacionais e a nível nacional”, e o resultado “tem sido esta evolução muito positiva nas vendas e nos certificados”.
Prémios que a CVR Dão vai também distribuir na sexta-feira, na Gala do nono concurso consecutivo dos Melhores Vinhos do Dão Engarrafados que, este ano, “bateu o recorde de participações com 180 vinhos, quando habitualmente rondam as 120 a 130″ participações, “o que reflete o que está a acontecer no Dão”.
Entre os jurados estão “dezenas de provadores e especialistas” de vários países da Europa, como Espanha e França, e portugueses da região do Dão e de outras regiões e, ao contrário de anos anteriores, o concurso decorreu num único dia, com vários painéis em simultâneo.
“Normalmente, fazíamos em dois ou três dias seguidos com menos gente e, este ano, optámos por fazer num modelo diferente, um modelo já internacional com várias mesas de prova e depois no fim foi feita a votação e, entre os vinhos mais pontuados, tiveram uma final na parte da tarde. Foi um dia intenso de provas”, explicou o presidente da comissão.
Na sexta-feira serão entregues três medalhas de platina, 12 de ouro e algumas dezenas de prata aos vinhos mais pontuados deste nono concurso que contou com “elevadas pontuações, o que revela que os vinhos do Dão são os melhores”, defendeu Arlindo Cunha.
Comentários