Segundo os números recolhidos pela Lusa relativos aos últimos oito anos, as remessas dos emigrantes portugueses registam uma tendência geral de aumento, embora com quebras nos últimos três anos, que coincidem com a crise económica que a terceira maior economia da África subsaariana enfrenta desde 2015.
Em 2010, os emigrantes portugueses em Angola enviaram para o seu país quase 135 milhões de euros, um valor que ainda foi superado no ano seguinte, em que os expatriados portugueses enviaram 147,3 milhões de euros.
A grande subida dá-se em 2012 e 2013, coincidindo com a recessão económica que Portugal atravessou durante o programa de assistência financeira do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.
Nesses dois anos, caracterizados pela procura de oportunidades de trabalho no exterior que escasseavam em Portugal, as remessas subiram para 270,6 milhões e 304,3 milhões de euros em 2013, ano que marca o recorde de verbas enviadas para Portugal.
O início da descida dos preços do petróleo, no verão de 2014, e as consequentes dificuldades que isso criou a Angola, pode ajudar a explicar a descida dos valores das remessas dos trabalhadores portugueses, que registou nesse ano uma quebra para 248 milhões de euros.
Nos dois anos seguintes (2015 e 2016), a tendência de descida manteve-se, num contexto de escassez de moeda estrangeira em Angola e de dificuldades no repatriamento de capitais e de saída de divisas, o que pode ajudar a explicar que as remessas tenham descido para 213,1 milhões, em 2015, e 205,8 milhões no ano seguinte.
No ano passado, já se assistiu a uma recuperação do valor das remessas, para 245 milhões de euros, apesar de Angola estar mergulhada numa recessão económica desde 2015, ano em que o PIB caiu cerca de 2,5%, o mesmo acontecendo no ano seguinte; para 2017, a previsão aponta para uma ligeira recessão de 0,1%, que se deve agravar para 1,1% este ano, segundo as previsões do Governo angolano.
Nos primeiros oito meses deste ano, os últimos números disponíveis apontam para uma forte queda das remessas, que caíram de 15,5 milhões de euros de janeiro a agosto de 2017, para 8,1 milhões no mesmo período deste ano, o que representa uma descida de 47%, quase para metade, das verbas enviadas pelos portugueses a trabalhar em Angola.
Em sentido inverso, as remessas dos angolanos a trabalhar em Portugal passaram de 13,4 milhões, em 2010, para 11,73 milhões no ano passado, tendo registado uma tendência crescente até 2015, ano em que chegaram a quase 20 milhões de euros, descendo depois para 17,5 em 2016 e 11,7 no ano passado.
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