“A melhor forma de conseguir a redução da dívida e do défice será um forte crescimento económico, mas um crescimento económico forte não pode ser inventado do nada”, disse em videoconferência de imprensa após o ‘warm-up’ da QSP Summit, que decorreu hoje no Porto.

O economista considerou que “ou se fazem o tipo de reformas que levam a um forte crescimento económico, ou por outro lado há uma dívida potencial a aumentar e são precisas reformas estruturais, que estão a ocorrer muito devagar”.

“No curto prazo, quer-se evitar que a recessão se torne uma depressão, e paradoxalmente mais dívida significa menos dívida, pois ao fazer um estímulo orçamental recupera-se a economia e há crescimento do denominador, o PIB, e assim o rácio da dívida fica mais sustentável”, argumentou o economista.

No entanto, Nouriel Roubini assinalou que com o tempo “os rótulos não interessam”, no que diz respeito a ajustamentos económicos.

“Podemos chamar-lhe consolidação orçamental, austeridade, ou o que seja. Vai ser preciso gastar menos ou aumentar os impostos para reduzir esses défices orçamentais. Não se vai crescer sozinho para sair de um problema da dívida, porque o crescimento, a menos que se façam reformas, não é grande o suficiente para tornar a dívida sustentável”, considerou o também professor na universidade de Nova Iorque.

O economista considerou que a médio prazo vai ser necessário “algum nível de consolidação orçamental – se não gostam do termo austeridade por ser um palavrão – ou ajustamento estrutural da balança orçamental.

“Quer se gaste menos ou taxe mais, ou qual combinação dos dois é a certa, isso depende do país”, salientou.

Relativamente ao apoio que o Banco Central Europeu (BCE) está a dar às economias europeias, Roubini disse concordar com essa estratégia de compra de ativos no curto-prazo, mas advertiu para efeitos futuros.

“Claro que a Itália, Espanha, Grécia e Portugal têm níveis de dívida bem acima dos 100% do PIB e a crescer, e com o tempo vão precisar de consolidação orçamental”, considerou, dizendo que o BCE “não pode fazer ‘quantitative easing’ [compra de ativos, incluindo dívida] para sempre”.

O economista alertou que “nalgum ponto, quando a emergência acabar, o programa PEPP, baseado na emergência de compra de ativos, vai ter de ser gradualmente desfaseado, não este ano, mas gradualmente talvez no próximo ano”, e se não houver consolidação, a dívida “pode ficar insustentável”.

Antes da conferência de imprensa, numa intervenção inicial, o economista já tinha apontado que os fundos europeus e outros programas continentais são uma “boa notícia”.

Quanto às taxas de juro, “enquanto o BCE mantiver uma política monetária acomodatícia, a questão é quanto tempo irá continuar com esta política quando as pessoas no norte da Europa quiserem acabar com elas”.