Contudo, apesar da ligeira melhoria, o documento refere que se mantém a escassez de competências, numa altura em que as empresas continuam à procura de profissionais qualificados para uma série de cargos e de setores especializados.
Foram estas as principais conclusões da 6.ª edição do Hays Global Skills Index, um estudo intitulado “Dinâmicas Regionais do Mercado de Trabalho Global: Qualificações com Procura e a Mão-de-Obra de Amanhã”, realizado em colaboração com o Oxford Economics e elaborado com base numa análise dos mercados de trabalho em 33 economias globais, entre as quais Portugal.
“Depois de um período de incerteza global (…), identificamos sinais de um cenário mais positivo para as empresas em todo o mundo (…): o nosso relatório aponta para um ligeiro atenuamento em alguns dos principais elementos de pressão que influenciavam os mercados de trabalho, [mas] mesmo com este desagravamento das pressões, a falta de competências continua a ser um problema persistente que requer a máxima atenção das empresas, governos e instituições de ensino”, disse o diretor executivo da Hays, Alistair Cox, citado em comunicado.
De acordo com o estudo, “o fluxo de migrantes qualificados contribuiu para uma ligeira redução na média do Índice Geral deste ano: o resultado, em 33 países, baixou marginalmente de 5,4 para 5,3, registando a primeira redução anual no Índice Geral desde a sua criação, em 2012″.
Em Portugal, a redução na média do Índice Geral foi um pouco mais expressiva, baixando de 5,7 em 2016 para 5,4 em 2017, precisou a Hays.
Segundo a diretora-geral da Hays Portugal, Paula Baptista, “após vários anos de instabilidade, a economia portuguesa parece ter finalmente entrado num ciclo positivo e isso tem tido reflexos em inúmeras oportunidades de crescimento para o mercado de trabalho”.
“Portugal tem provado ser um destino de eleição para investimento estrangeiro e para a abertura de vários centros de serviços partilhados, o que tem colocado alguma pressão salarial nas funções ou competências altamente procuradas”, sustentou a responsável, citada em comunicado.
“A escassez de talento continua a ser um grande problema para Portugal, mas está a começar a ser respondida através do sistema educativo que começa a fazer um esforço para adaptar a sua oferta académica às necessidades do mercado de trabalho”, acrescentou.
Os dados das Nações Unidas indicam que 244 milhões de pessoas, ou 3,3% da população mundial, vivem atualmente num país que não é o seu país de origem.
Os dados do Hays Global Skills Index mostram ainda que na União Europeia, em 2016, a proporção de pessoas nascidas noutros países e com formação superior era de 29% – uma subida de três pontos percentuais em relação a 2011.
O estudo sublinha que “o fluxo de trabalhadores parece estar a contrariar o problema que muitos países vivem atualmente: o envelhecimento da população”.
“Com exceção da Índia, a população ativa em todos os países do Índice deverá diminuir em cerca de um milhão de pessoas em 2017, à medida que a sua população envelhece, [mas] dado o crescimento dos ritmos de participação em 25 dos 33 países do Índice, e o aumento do número de migrantes e da sua especialização em comparação com o passado, a oferta de trabalhadores irá aumentar em 1,1 milhões”, estima-se no relatório.
Alistair Cox defende que, “com a esperada diminuição da população ativa em todos os países, é vital que os governos aproveitem a migração qualificada”.
“A prosperidade e o crescimento dependem das pessoas e, sem as competências certas, as empresas e consequentemente as sociedades podem ficar mais debilitadas e não florescer — a migração especializada apresenta-se como uma resposta importante e necessária para esta lacuna global de competências”, vincou.
O estudo da Hays atribui igualmente à digitalização um papel importante no combate à falta de competências, “uma vez que permite que estes migrantes especializados trabalhem com maior flexibilidade, mais eficientemente e remotamente”, e aponta a existência de “uma procura crescente de novos cargos neste cenário em constante evolução”.
“Numa altura em que a oferta de trabalhadores especializados se mantém estável, as empresas terão tempo para se concentrar mais na adaptação da sua força de trabalho a um cenário marcado por um panorama tecnológico em rápido desenvolvimento”, indica a Hays, acrescentando que “o aumento da tecnologia e da automatização no local de trabalho irá fomentar uma maior comunicação e mais flexibilidade na forma como se trabalha, bem como o aumento de procura de novos empregos, mas irá ainda substituir algumas das funções atuais”.
“Os empregadores deverão dar prioridade à formação e à educação para se assegurarem que os seus colaboradores têm as competências necessárias para enfrentarem as alterações tecnológicas e para garantirem que as suas competências se mantêm relevantes”, frisa-se no documento.
Além de Portugal, os países analisados neste Índice Geral foram: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Colômbia, Chile, China, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Hungria, Índia, Irlanda, Itália, Japão, Luxemburgo, Malásia, México, Nova Zelândia, Polónia, Reino Unido, República Checa, Rússia, Singapura, Suécia e Suíça, e ainda a região administrativa especial chinesa de Hong Kong.
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