O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima prevê que a receita do adicional aplicado a imóveis avaliados por mais de um milhão de euros “deve ser diminuta e as consequências e a imagem podem ser negativas”.

“Se o Estado não fizer mais asneiras, o investimento estrangeiro vai chegar a cidades como Coimbra, Viseu, Braga, que já está a chegar, ou Aveiro e Guimarães”, acrescentou ainda Luís Lima, referindo os casos dos investidores brasileiros que estão a comprar sobretudo na zona Norte “pela relação com a afinidade da origem dos pais ou dos avós”.

Num diagnóstico ao país, Luís Lima notou que a construção junto de cidades mais pequenas até 2001, destinada ao “crédito de 100%”, continua a ser um problema, enquanto nos centros de Lisboa ou Porto “não há ativos” suficientes para a procura. “Em algumas zonas de Lisboa e do Porto os preços estão acima do que é razoável”, assumiu o responsável, reafirmando ser bom que exista construção em algumas zonas onde a reabilitação não chega e porque os portugueses “precisam de um ativo de preço inferior” ao que os estrangeiros estão dispostos a pagar.

“O fenómeno dos investidores estrangeiros já existiu em Madrid e Barcelona”, disse.

Manuel Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), comentou, por seu lado, à Lusa que o setor do imobiliário tem de ser “encarado enquanto vetor essencial para a dinamização da economia e do emprego, e não como inesgotável fonte de receitas”.

Reis Campos acrescentou ainda esperar que haja uma “verdadeira política da habitação, correspondendo a uma visão global e integrada”.

Analisando a atualidade, o responsável indicou que o interesse dos investidores e a dinâmica do turismo nos centros históricos de Lisboa e do Porto estão a “impulsionar um movimento de reabilitação” e a “alterar um cenário de estagnação e abandono que se arrastava incompreensivelmente há décadas”.

Mas “este ciclo de investimento ainda está longe de ganhar o dinamismo de que o país precisa”, disse.