"Na sequência da reunião de hoje dos seis sindicatos com a comissão executiva do Banco Comercial Português (BCP) e face à posição intransigente assumida pelo banco de avançar com o despedimento coletivo de pouco mais de 80 bancários, não resta outra alternativa a estes sindicatos que não seja a greve", lê-se no comunicado hoje divulgado por Mais Sindicato, SBN - Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro, Sindicato dos Bancários do Centro (afetos à UGT), Sintaf (ligado à CGTP), Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários e Sindicato Independente da Banca (independentes).

Os sindicatos dizem ter feito "todos os esforços", mas que face à intransigência decidiram avançar com greve conjunta. A data da greve será anunciada na próxima semana.

Segundo disse à Lusa fonte sindical, a greve será ainda este mês, mas a data não é já marcada, pois para dia 16 está agendada a reunião dos sindicatos com a administração do Santander Totta, o outro banco que também já manifestou a intenção de fazer despedimentos coletivos.

O BCP anunciou, há duas semanas, que vai avançar para o despedimento de até 100 trabalhadores, depois de ter chegado a acordo com cerca de 800 funcionários para saídas por acordo (reformas antecipadas, pré-reformas e rescisões por mútuo acordo).

Nos últimos dias a Lusa tinha questionado o banco sobre novas informações, mas não havia informação pública. Segundo o comunicado de hoje dos sindicatos bancários, serão 80 os trabalhadores despedidos por despedimento coletivo, o que significará que os restantes terão chegado a acordo com o banco para saírem.

Já o Santander Totta pretende a saída de 685 trabalhadores. Fonte oficial do banco disse na terça-feira à Lusa que já tinha sido acordada a saída com mais de 400 trabalhadores (reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo). Havia 230 funcionários com os quais não tinha chegado a acordo, pelo que poderão ser abrangidos por despedimento, mas o número não é definitivo pois o processo não está fechado.

Os principais bancos portugueses estão a reduzir milhares de trabalhadores este ano (depois de o setor bancário ter cortado cerca de 15 mil postos de trabalho entre 2009 e 2020), sendo BCP e Santander Totta os que têm processos mais 'agressivos', incluindo com intenção de despedimentos coletivos.

Os sindicatos têm acusado os bancos de repressão laboral e de chantagem para com os trabalhadores, considerando que os estão a forçar a aceitar sair por rescisões (sem acesso a subsídio de desemprego) ou por reformas antecipadas. Isto ao mesmo tempo que os bancos têm elevados lucros, acrescentam.

O BCP teve lucros de 12,3 milhões de euros no primeiro semestre (menos 84% do que no mesmo período de 2020) e o Santander Totta 81,4 milhões de euros (menos 52,9%).