Numa entrevista dias antes de participar enquanto orador principal (‘keynote speaker’) na cimeira QSP – “A nova era global”, a realizar-se no dia 10 de março na Exponor, em Matosinhos, Ohmae explicou que “se uma região é atrativa e pode oferecer algo de valor, com significado, é possível atrair pessoas para que gastem dinheiro”, sem que seja necessário pedir ao governo dinheiro e políticas.
“É extremamente importante pensar mais pequeno, em vez de maior. Particularmente ao nível do país. O Estado-nação, infelizmente, foi formado nos dias da sociedade mercantilista, quando lutar contra outro Estado-nação era uma noção muito importante. Mas isso é uma unidade errada na sociedade interconectada dos dias de hoje e é altura de pensar em questões como: qual é a minha zona de combate? Qual é a minha unidade de negócio estratégica? Eu diria que é a região”, disse Kenichi Ohmae.
A partir de exemplos como os do País Basco e de Itália, o japonês, que durante 23 anos foi parceiro da McKinsey, referiu que é possível escolher um conjunto de regiões em Portugal e “deixá-las tomar a dianteira”, o que faria com que outras áreas do país pudessem aprender.
“Não creio que o governo central tenha nada a ver com isto. Duas ou três pessoas numa comunidade com ambições de se tornar global – e muitas delas através de produtos agrícolas – podem mudar o destino de uma região. Não vão ser os burocratas a fazê-lo, nem os professores universitários. O Porto é um muito bom exemplo disso”, disse Ohmae.
Questionado sobre a melhor maneira de ultrapassar uma situação como a da crise financeira em Portugal, Kenichi Ohmae disse que “pensar neste problema a partir do ponto de vista do país é muito difícil, quando se tem uma escala maior chamada União Europeia”.
“Penso que o mais importante são as regiões pequenas, em vez do país. (…) O exemplo que tenho é o de San Sebastian no País Basco. Se olhar para uma pequena cidade de 160 mil habitantes que atrai visitantes de todo o mundo pela gastronomia. Há múltiplos restaurantes excelentes e há a beleza da paisagem e o prazer gastronómico. É um pequeno Estado”, disse o gestor.
Nos dias da Internet, segundo Ohmae, “com informação suficiente a ser emitida para o resto do mundo é possível atrair investidores para as regiões”.
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