O deputado falava no encerramento do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2023 - que tem aprovação garantida pela maioria socialista e na qual o Livre se vai abster – numa intervenção em que comparou os valores do salário mínimo de Portugal e Espanha e salientou que “se o governo espanhol e português cumprirem com as suas promessas vamos estar abaixo dos 70% do salário mínimo espanhol”.

“Não é possível falar e levar a sério a convergência europeia sem levar a sério esta divergência ibérica. E esta, caros e caras colegas à esquerda, não é culpa da direita, aconteceu durante os anos da geringonça e durante os governos PS. Fomos nós que deixamos escapar este objetivo e temos que fazer muito mais para o reintroduzir", disse.

Na opinião do historiador e dirigente do Livre, “a mensagem que isto passa para fora é que Portugal continua a apostar em ser uma economia de salários baixos ao passo que a Espanha continua apostada em fazer subir o salário mínimo e os outros salários também”.

“É possível fazer muito mais a partir deste orçamento também. (…) Usemos bem esse tempo porque temos pouco tempo para poder pensar o país a um tempo mais longo”, vincou.

Numa intervenção à distância, por estar infetado com covid-19, Rui Tavares referiu que no que toca ao salário mínimo nacional, "que é o Governo pode controlar, o executivo promete 900 euros para 2026".

"Acontece que, quando o PS começou a governar em 2015, Portugal tinha um salário mínimo que era 78% do salário mínimo espanhol, um pouco abaixo dos 80% queria, digamos, o normal hstórico. Quando debati com o primeiro-ministro em janeiro deste ano, o salário mínimo era apenas 71% do salário mínimo espanhol", salientou.

O deputado único do Livre reconheceu a necessidade de apostar em medidas "que sejam para este ano e que não deixem lastro excessivo sobre as contas do Estado para os anos subsequentes".

"Mas precisamente porque esta é uma altura de crise, de pré-recessão, de guerra na Europa, é possível fazer o investimento público necessário nos edifícios, na planificação ecológica, nos transportes, que nos permita ajudar a resolver os problemas estruturais que Portugal tem", apelou.