“Foquei-me na solução. Defini, imediatamente, um perfil de continuidade neste processo [de privatização da SATA Internacional – Azores Airlines]. Convidei, e foi aceite, Teresa Mafalda Gonçalves para assumir a presidência da SATA”, afirmou José Manuel Bolieiro, chefe do executivo PSD/CDS-PP/PPM, em entrevista à RTP/Açores.

Bolieiro disse ter sido “confrontado”, na segunda-feira, com a decisão do governo da República de chamar o atual presidente da SATA para chefiar a TAP, através de “um telefonema do primeiro-ministro”, tendo reagido dizendo “que isso gerava um problema”, mas manifestando também “satisfação pelo percurso realizado” nos Açores.

“Após o contacto do primeiro-ministro, recebi também o contacto de Luís Rodrigues, dizendo que tinha havido o convite [para ser presidente da TAP] e que tinha colocado condições de ficar [na SATA], no mínimo, até ao fim deste mês”, descreveu.

Questionado sobre as declarações do secretário regional das Finanças, que criticou a “falta de sentido de Estado” do Governo da República, José Manuel Bolieiro recusou o papel de “comentador”.

Bolieiro afirmou ainda acreditar que “não há razões para equívocos” quanto às declarações do secretário regional e do primeiro-ministro, pois “as de um e de outro são confirmativas do que realmente aconteceu”.

“Recebi um contacto a informar. Não estava confrontado com uma consulta”, observou.

Sobre uma eventual cláusula no contrato que pudesse travar a saída súbita de Luís Rodrigues, o chefe do governo regional reconheceu que não existia, mas vincou ter-se “habituado a ser confrontado com todas as dificuldades” e a focar-se “nas soluções”.

Teresa Mafalda Gonçalves foi nomeada membro do Conselho Executivo e Chief Financial Officer do Grupo SATA em janeiro de 2020, é pós-graduada em Finanças pela Nova School of Business and Economics, pós- graduada em Concorrência e Regulação pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e licenciada pela Católica Lisbon School of Business and Economics.

Referindo-se às declarações do secretário regional das Finanças dos Açores, o primeiro-ministro, António Costa disse hoje no Seixal que há "um equívoco" e que ele próprio falou ao telefone com José Manuel Bolieiro na segunda-feira "à hora de almoço".

Em resposta aos jornalistas, indicou que o Governo regional "não tinha de concordar" com a decisão e que apenas pretendeu informar.

“[O presidente do governo dos Açores] compreendeu bem, porque [Luís Rodrigues] era uma escolha de excelência”, afirmou.

António Costa disse ainda que Bolieiro também "lamentou" a escolha, uma vez que preferia continuar a contar com Luís Rodrigues.

O titular da pasta das Finanças nos Açores, Duarte Freitas reconheceu que a saída de presidente da SATA é uma “contrariedade” e revelou que o executivo regional só recebeu um “contacto do Governo da República por volta da hora de almoço” de segunda-feira, a “informar que Luís Rodrigues ia ser presidente da TAP”.

“O sentido de Estado devia impor o cuidado com este processo de privatização da SATA - Azores Airlines. É uma questão nacional. E percebemos também que há muitas vontades nos Açores, que comunicam para o Governo da República, para que isto não corra bem”, criticou.

A 07 de fevereiro, foi anunciada a saída de Mário Chaves da administração da SATA Chaves para suceder a Válter Fernandes no cargo de diretor-geral da Portugália, a partir de março.

Com a saída dos dois elementos, o conselho de administração da SATA Holding ficou constituído por Teresa Mafalda Gonçalves (diretora financeira do grupo) e Bernardo Ponte e João Crispim Ponte (administradores não executivos).

Em junho, a Comissão Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais, prevendo ‘remédios’ como uma reorganização da estrutura empresarial.

A injeção financeira implica o desinvestimento de uma participação de controlo (51%) na Azores Airlines, o desdobramento da atividade de assistência em terra e uma reorganização da estrutura empresarial da SATA, com a criação de uma 'holding' que substitui a SATA Air Açores no controlo das suas operações subsidiárias.

A Azores Airlines opera de e para fora do arquipélago, enquanto a SATA Air Açores efetua ligações interilhas.

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