“Aproveitámos este evento, que é a BTL, [para nos manifestarmos] pois estão também aqui representadas as associações patronais dos hotéis e da restauração. Quisemos vir aqui fazer uma ação de denúncia, porque a nossa federação, que negoceia os contratos coletivos de trabalho para os trabalhadores deste setor tão importante para a economia do país, está confrontada com o seu congelamento”, disse à Lusa a coordenadora da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT), Maria de Deus Rodrigues.

“Há vários anos que não há negociação coletiva e neste momento estamos confrontados com um problema muito sério que é a questão dos salários, pois uma percentagem enorme dos trabalhadores ganha o salário mínimo”, acrescentou.

Além disso, os trabalhadores “não veem as suas tabelas salariais atualizadas há seis ou sete anos”, daí que estejamos a ter “um enorme problema” com as carreiras profissionais.

Para a FESAHT, atualmente os trabalhadores mais qualificados “pouco mais recebem” que o salário mínimo nacional e a muitos destes trabalhadores, que durante a pandemia foram despedidos, as empresas “ainda não repuseram os direitos retirados”, nomeadamente prémios de línguas, de assiduidade, produtividade e ajudas de custo.

Embora as associações patronais e as empresas se queixem da perda de trabalhadores durante a pandemia de covid-19 e das dificuldades para recrutarem novos trabalhadores, foram as empresas que procederam a despedimentos em massa, sem pagarem os devidos direitos, denuncia.

A dirigente sindical acusa as associações patronais e as empresas de pagarem “salários muito baixos” e de imporem condições de trabalho “inaceitáveis”.

Por outro lado, a FESAHT lamenta que as associações patronais não negoceiem a contratação coletiva desde 2009, a Associação da Hotelaria de Portugal, desde 2018 a APHORT e AIHSA, desde 2019 a AHRESP, o mesmo acontecendo com a revisão dos acordos de empresa, como é o caso da Fundação Inatel, desde 2019.

As “únicas propostas de aumentos salariais” por elas apresentados aos sindicatos são, “para a esmagadora maioria dos trabalhadores”, de cinco ou seis euros, para tabelas que “não são revistas há três anos”, lembra também a federação sindical.

Estas propostas são tidas como “inaceitáveis”, disse Maria das Dores Rodrigues, pois considera-as “miseráveis”, além de terem como contrapartida a “retirada de direitos” e de “não haver negociações”.

As propostas sindicais apresentadas às empresas visam de acordo com a FESAHT “valorizar o trabalho e os trabalhadores, criar melhores condições para receber novos trabalhadores — inclusive os ucranianos que está a chegar a Portugal -, reduzir a precariedade, criar vínculos estáveis e conciliar a vida profissional com a vida pessoal e familiar.