Após ter confirmado, no início de abril, que as empresas do parque industrial já tinham despedido 500 trabalhadores temporários desde o início do surto do novo coronavírus, a entidade adiantou hoje que mais de 1.000 pessoas já foram para o desemprego e mostrou-se "apreensiva" quanto a mais despedimentos, quando a maior parte das empresas está sem condições para trabalhar em todos os dias da semana.
"Na maioria das empresas, neste momento, não estão reunidas condições para voltar a laborar sete dias por semana (...). Das quatro equipas de trabalho existentes anteriormente, apenas três estão no ativo e a assegurar três turnos diários, de segunda a sexta-feira, o que nos deixa mais apreensivos no que respeita a centenas de postos de trabalho, a juntar aos quase mil que já foram para o desemprego", lê-se na nota.
A coordenadora das Comissões de Trabalhadores frisou que o "estado de precariedade" na Autoeuropa tem-se "acentuado", tendo mencionado os despedimentos de "trabalhadores com vínculos laborais temporários" e de "trabalhadores cujos contratos não estão a ser renovados".
A entidade salientou também que "o regime de ‘lay-off' simplificado aplicado pelo Governo como medida de apoio às empresas" deve "contemplar a salvaguarda de todos os postos de trabalho", de forma a que as empresas não "continuem a enviar trabalhadores para o desemprego", criando "um esforço financeiro em duplicado para o sistema de Segurança Social do país".
A organização denunciou ainda que algumas das 19 empresas localizadas no complexo industrial, em Palmela, "manifestam a intenção de não cumprirem os acordos internos assinados com as respetivas comissões de trabalhadores”, algo que não está disposta a aceitar.
"A coordenadora vem por este meio comunicar a todas as administrações de todas as 19 empresas implementadas neste parque industrial que, caso não exista um compromisso de cumprimento de todos os acordos em vigor, iremos mobilizar todo o coletivo de trabalhadores no sentido de demonstrar claramente que este é um período em que o esforço tem de ser conjunto e repartido entre trabalhadores e administrações", refere o comunicado.
Na nota emitida, a organização alegou ainda que a "decisão mais fácil para as empresas tem sido despedir" e que a "legislação portuguesa permite o tipo de decisões que estão a ser tomadas", tendo pedido aos gestores que "assumam a sua responsabilidade no sentido de haver o menor impacto social possível".
A entidade coordenadora das Comissões de Trabalhadores informou ainda que vai enviar pedidos de audiência aos ministérios da Economia e do Trabalho e, possivelmente, às administrações das empresas da Autoeuropa, para encontrar “soluções que garantam o diálogo e a paz social" existentes naquele parque industrial "há mais de 25 anos".
Portugal contabiliza pelo menos 1.383 mortos associados à covid-19 em 31.946 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado hoje.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 362 mil mortos e infetou mais de 5,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,4 milhões de doentes foram considerados curados.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num "grande confinamento" que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.
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