“Acabámos de abrir a Europa para vocês, agricultores!”, declarou Trump, durante uma visita a uma quinta no Estado do Iowa.
Washington e Bruxelas amorteceram na quarta-feira a crise nascida da aplicação de tarifas pelos EUA às importações de aço e alumínio provenientes da União Europeia, anunciando a sua vontade de suprimir a quase totalidade das tarifas alfandegárias, bem como um conjunto de decisões na agricultura, indústria e energia.
Apesar de estas medidas ainda têm de ser formalizadas, o secretário do comércio norte-americano, Wilbur Ross, já as considerou “uma justificação real da política comercial do presidente” norte-americano contra os parceiros dos EUA.
“Tivemos uma longa sessão de negociações (na quarta-feira). Definimos os contornos de um acordo e, agora, vamos transformá-los num verdadeiro acordo”, garantiu o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, na estação televisiva CNBC, no dia seguinte ao da reunião entre Trump e Juncker.
Contudo, o presidente francês, Emmanuel Macron, já afirmou que “o contexto não permite” uma tal negociação, detalhando que esperava “sinais de desescalada sobre o aço e o alumínio, aos quais foram aplicadas taxas ilegais pelos EUA”, que considerou como algo “prévio a qualquer avanço concreto”.
Para Macron, “uma boa discussão comercial (…) só se pode fazer em bases equilibradas, reciprocas e em nenhum caso sob ameaça”.
Enquanto a União Europeia está, desde 01 de junho, sujeita a taxas alfandegárias punitivas por parte dos EUA, que aplicou 25% às importações do maço e 10% às de alumínio, Mnuchin reconheceu que “o primeiro dossier” a resolver é precisamente o relativo às taxas sobre o aço e o alumínio e às represálias europeias que se seguiram.
Porém, não desenvolveu a maneira como as partes iriam resolver o assunto.
Mnuchin também reconheceu que não serão aplicadas taxas alfandegárias às importações do setor automóvel europeu durante as negociações.
A Casa Branca tinha encarregado, no final de maio, Wilbur Ross, de determinar a oportunidade de impor taxas suplementares, que poderiam atingir os 25% sobre os automóveis.
Questionado sobre o calendário das negociações com a União Europeia, Ross declarou aos jornalistas que era “difícil pronunciar-se”, avançando que “as discussões sobre o comércio duram em geral meses”, inclusive anos. “Vamos esforçar-nos por as acelerar”, acrescentou.
O compromisso anunciado na quarta-feira ocorreu quando cada vez mais empresas norte-americanas, como a fabricante de eletrodomésticos Whirlpool ou o construtor automóvel General Motors, estão a registar centenas de milhões de dólares de custos adicionais nas suas contas trimestrais, devido á guerra comercial iniciada por Trump.
A trégua anunciada na quarta-feira suscitou reações contrastadas.
A Alemanha, cujos excedentes comerciais recordes e cuja indústria automóvel estão na mira da política protecionista de Trump, julgou “construtivo” o resultado da reunião Trump-Juncker.
Já o ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, estimou que “uma boa discussão comercial só se pode fazer em bases claras”.
Por exemplo, apesar de Trump ter anunciado que a União Europeia ia importar “muita soja” dos EUA, da qual 94% da produção é geneticamente modificada, Bruno Le Maire exigiu que a agricultura “fique de fora do campo das negociações”.
Insistindo neste ponto, acrescentou: “Nós temos normas sanitárias, alimentares e ambientais elevadas e regras de produção às quais estamos vinculados, porque elas garantem a proteção e a segurança dos nossos consumidores”.
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