"Apesar de não serem claras as implicações para Michel Temer, as consequências políticas das alegações são negativas do ponto de vista do crédito soberano porque vai provavelmente atrasar o fôlego das reformas", dizem os analistas numa nota de análise.
No documento, afirma-se também que "se o escândalo político continuar por resolver, o crescimento económico arrisca-se a ser prejudicado".
O escândalo de corrupção, investigada pela operação judicial Lava Jato, alargou-se a 18 de maio ao Presidente brasileiro com a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em causa está uma gravação de uma conversa entre o empresário Joesley Batista, da empresa JBS, e Temer sobre o alegado pagamento de uma verba ao ex-deputado Eduardo Cunha, que foi presidente do Congresso (parlamento) e principal aliado de Temer no afastamento de Dilma Rousseff da Presidência.
Nessa conversa, de acordo com os áudios divulgados, o Presidente terá recomendado ao empresário manter o pagamento de uma verba regular a Eduardo Cunha, acusado de vários crimes de corrupção.
"Não é claro como serão resolvidas as acusações, nem se isso vai envolver outra transição política" no Brasil, dizem os analistas da Moody's, vincando que "mesmo que o Presidente se mantenha no cargo, o escândalo pode minar a qualidade do crédito do Brasil uma vez que o recente momento económico positivo pode ser parado ou revertido".
A Moody's teme que o caso "possa dispersar o foco de fazer avançar as reformas, que são críticas para melhorar a força orçamental do Brasil".
Para além disso, salientam os analistas, "a turbulência política e as suas implicações em termos de políticas vão pesar na confiança dos investidores, revertendo a recente recuperação económica do Brasil", que melhoraram significativamente deste que Temer chegou à Presidência.
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