
"Nenhum acordo de paz será assinado neste domingo, 15 de junho de 2025, em Washington. 'Meados de junho' era a meta inicial para a assinatura do acordo na Casa Branca, mas teve que ser adaptada à realidade das negociações", afirmou Olivier Nduhungireh, numa mensagem divulgada na rede social X.
De acordo com o ministro, "após várias trocas de e-mails entre autoridades dos EUA, da RDCongo e do Ruanda, as negociações estão agora a começar em Washington ao nível de especialistas".
"O objetivo é negociar um acordo de paz abrangente, realista e mutuamente benéfico que, quando estiver pronto, será entregue aos ministros das Relações Exteriores para aprovação e aos chefes de Estado para assinatura", acrescentou.
Nduhungirehe fez este anúncio depois que Troy Fitrell, um responsável do gabinete de Assuntos Africanos do Departamento de Estado norte-americano, ter afirmado, esta semana, que Washington está a apostar num "cronograma extremamente agressivo" para um possível acordo em junho ou julho.
"Na próxima semana, teremos equipas técnicas aqui para tentar passar para a próxima etapa", adiantou Fitrell, que deixará o cargo em meados do próximo mês.
As conversações têm como objetivo encerrar o conflito entre o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), que está a lutar no leste da RDCongo e é apoiado pelo Ruanda, disseram a ONU e vários países.
O conflito intensificou-se no final de janeiro, quando o M23 assumiu o controle de Goma, capital da província de congolesa do Kivu do Norte, e depois, em fevereiro, ocupou Bukavu, capital da vizinha Kivu do Sul, ambos territórios ricos em minerais.
As perspetivas de um acordo negociado foram retomadas a 25 de abril, quando o Ruanda e a RDCongo assinaram um acordo em Washington para iniciar as negociações de paz.
Em maio, Nduhungirehe indicou que o pacto final devia ser assinado em meados deste mês, na Casa Branca, com a presença do Presidente dos EUA, Donald Trump.
De acordo com o ministro, os chefes de Estado do Ruanda, Paul Kagame, e da RDCongo, Felix Tshisekedi, também deviam estar presentes, bem como líderes de países que desempenharam um papel na mediação, como o emir do Qatar, Tamim bin Hamad al Thani, e o chefe do governo togolês e mediador da União Africana, Faure Gnassingbé.
Enquanto isso, o Governo da RDCongo e o M23 retomaram as negociações de paz em Doha, no início de maio, sob a mediação do Catar.
A atividade armada do M23, formada principalmente por pessoas de etnia tutsi - uma comunidade que sofreu principalmente com o genocídio de Ruanda em 1994 - foi retomada no Kivu do Norte em novembro de 2021, com ataques relâmpagos contra o exército congolês.
ATR // EJ
Lusa/Fim
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