Em declarações à agência Lusa, dirigentes do BE e Livre escusaram-se a comentar diretamente o nome de Alexandra Leitão, centrando-se na importância de construir um programa que permita derrotar o atual executivo de Carlos Moedas na Câmara Municipal de Lisboa (CML).
Destacando a "boa relação institucional" que o Livre mantém com a líder parlamentar do PS na Assembleia da República, o porta-voz do partido Rui Tavares realçou, contudo, que "não basta anunciar candidatos".
"Temos que estar no terreno, temos que mobilizar os lisboetas para que as pessoas acreditem que pode haver uma alternativa, e para isso temos que ouvir as pessoas, ouvir o seu diagnóstico acerca do estado da sociedade, e fazer uma candidatura que supere as fronteiras partidárias", considerou.
Tavares recuou mesmo a 1989, ano em que o socialista Jorge Sampaio conquistou a autarquia da capital, após um acordo do PS com o PCP, que contava também com a adesão do Partido Ecologista 'Os Verdes' (PEV), do MDP/CDE, da UDP e do PSR.
O porta-voz do Livre avisou que a lei eleitoral autárquica não permite "fazer geringonças após as eleições", uma vez que determina que "tem a presidência da câmara municipal a lista que tiver um voto a mais", sublinhando a importância de uma convergência antes das eleições de outubro.
"Agora, essa convergência não é uma convergência que se faça por interesse partidário, é uma convergência que se faz por trabalho programático, por confiança nas pessoas para implementar esse programa e pela capacidade de mobilização da cidade", sublinhou Rui Tavares.
Na mesma linha, o dirigente da concelhia de Lisboa do BE Ricardo Moreira defendeu que "mais importante do que saber quem é que são os candidatos é saber qual é que é o programa, e tão importante como derrotar Carlos Moedas é mudar Lisboa".
Uma das principais prioridades programáticas dos bloquistas para a capital é a luta contra a especulação imobiliária, tema sobre o qual o partido não isenta o PS de críticas: é importante mudar o Plano Diretor Municipal (PDM) da cidade, "ou seja, virar a página ao legado de Fernando Medina e de Manuel Salgado".
O também membro da Mesa Nacional do BE lembrou que o partido já se comprometeu em apresentar uma candidatura própria à capital, mas não excluiu um diálogo abrangente que envolva partidos à esquerda e movimentos sociais em Lisboa -- decisão que o partido fechou na sua Conferência Nacional em outubro do ano passado.
"O desafio do Bloco é que todos os partidos que queiram resolver a crise na habitação, a crise no trânsito e nos transportes públicos, resolver a crise do lixo, resolver a crise social com as pessoas em situação de sem-abrigo, se juntem à mesa. E este é um desafio ao PS, ao PCP, ao Livre, mas também aos movimentos sociais. Temos de nos juntar à mesa para discutir quais são as bases desse programa que possa mudar Lisboa e com base nesse programa é possível encontrar, é preciso ver se é possível encontrar caminho para derrotar Carlos Moedas fazendo uma grande coligação", salientou.
Reconhecendo que "vai ser um debate difícil", Ricardo Moreira foi interrogado sobre se Alexandra Leitão poderá ter o perfil adequado para a construção desse programa comum.
"O BE acredita que qualquer pessoa que queira derrotar Carlos Moedas tem que ter a disponibilidade de se sentar com todas as forças progressistas para discutir esse programa. Da nossa parte nós temos toda a disponibilidade para fazer esse caminho", respondeu.
A CDU (coligação PCP/PEV) já anunciou que o seu candidato à Câmara Municipal de Lisboa nas próximas eleições autárquicas será o vereador e ex-eurodeputado João Ferreira (PCP), tendo-se distanciado desta eventual aliança.
ARL // JPS
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