
No final do debate da moção de censura do PCP -- no qual o Governo anunciou que apresentará uma moção de confiança -, Hugo Soares foi questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade, caindo o Governo, o Presidente da República optar por pedir ao PSD que apresente outro nome como primeiro-ministro, em vez de dissolver o parlamento.
"O PSD apresentará a eleições ou em qualquer cenário, o seu melhor. E o que é o melhor para o país. Como se demonstrou neste último ano de governação, o melhor do PSD, o melhor para o país, chama-se Luís Montenegro. Não tenho dúvidas sobre isso e não vale a pena efabular-se", disse.
Perante a insistência na questão, Hugo Soares insistiu que o PSD "tem um líder, amplamente sufragado" por duas vezes eleições diretas em 2022 e 2024.
"Tem um líder que é primeiro-ministro de Portugal. E tem governado com uma competência que, aparentemente, os portugueses não colocam em causa. E portanto o PSD tem um líder, tem um primeiro-ministro e é nesse cenário que nós estamos a trabalhar", disse.
Hugo Soares disse esperar que no debate da moção de confiança, seja aprovada ou rejeitada, possa existir "uma clarificação".
"Quem tem acompanhado os últimos dias do debate político, os portugueses não percebem nada do que está a acontecer (...) E será um momento clarificador: se a oposição quer uma crise política em Portugal, então chumba a moção de confiança e diz ao país aquilo que parece evidente", disse.
Questionado se o Governo ou o PSD não desejam também essas eleições, o dirigente do PSD respondeu negativamente.
"O PSD disse hoje neste debate, pela minha voz, e o Governo pela voz do primeiro-ministro, e pela voz do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, que o Governo é pela estabilidade. O Governo quer continuar a governar e a resolver os problemas da vida das pessoas. Agora, para isso, é preciso que o parlamento deixe", disse.
Hugo Soares foi ainda questionado sobre o que mudou desde sábado, ocasião em que o primeiro-ministro não anunciou de imediato o recurso à moção de censura na comunicação que fez ao país, o líder parlamentar do PSD voltou a responsabilizar a oposição.
"No sábado passado, o primeiro-ministro instou publicamente os partidos políticos a dizerem como é que viam o cenário político. Eu creio que todos vimos as notícias, vimos as declarações de todos os partidos políticos. Ficou claro que era preciso demonstrar ao país, se o Parlamento quer ou não, dar a confiança ao Governo para executar o seu programa", afirmou.
O dirigente do PSD não quis antecipar o que poderá dizer o Presidente da República, remetendo qualquer comentário para depois de ouvir as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa.
O grupo parlamentar do PSD vai reunir-se na quinta-feira de manhã.
No sábado, numa comunicação ao país, Luís Montenegro admitiu avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não esclarecessem se consideram que o executivo "dispõe de condições para continuar a executar" o seu programa.
Montenegro fez esta declaração após ter sido noticiado pelo semanário Expresso que a empresa Spinumviva - até então detida pela sua mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, e filhos -, recebe uma avença mensal de 4.500 euros do grupo Solverde, que representou como advogado antes de ser presidente do PSD.
Pouco depois, o PCP anunciava uma moção de censura ao Governo, hoje discutida e 'chumbada'.
Logo na abertura do debate, o primeiro-ministro anunciou que, "não ficando claro das intervenções dos maiores partidos da oposição que o parlamento dá todas as condições ao Governo para executar o seu programa", o Governo avançará para o que classificou como "última oportunidade" de o fazerem, que é "a aprovação de um voto de confiança".
SMA // JPS
Lusa/fim
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