
O processo contra Collor de Mello começou após o seu irmão, Pedro Collor, ter dado uma entrevista à revista Veja, em maio de 1992, na qual descreveu que o tesoureiro da campanha eleitoral do então Presidente, Paulo César Farias, realizava branqueamento de capitais no exterior.
A Câmara dos Deputados instaurou, então, uma Comissão Parlamentar de Inquérito para averiguar as denúncias, tendo descoberto empréstimos fraudulentos e contas fantasmas (abertas em nome de pessoas que não existem) tanto para a campanha política como para a reforma da casa do Presidente e a compra de um carro.
Os deputados aprovaram a instauração do processo de "impeachment" em setembro de 1992, com mais de dois terços dos votos.
O caso foi para a votação do Senado e Collor de Mello, suspenso por 180 dias. Esse procedimento continua a ser o mesmo nos dias de hoje: caso o pedido de impugnação de Rousseff passe na Câmara, ela será suspensa enquanto o processo tramita no Senado.
Antes de ser julgado no Senado, o então Presidente apresentou sua renúncia para evitar a perda dos direitos políticos por oito anos, mas a Casa Legislativa continuou com o processo e a punição foi proferida. Collor de Mello disse ser inocente e perseguido por opositores, e, após cumprir a suspensão, voltou a eleger-se como senador.
Antes de Collor de Mello, o então Presidente Getúlio Vargas também teve um pedido de "impeachment" julgado na Câmara, em 1954, mas os deputados não o aprovaram. A crise política, entretanto, estava instaurada e, após ter seu chefe da Guarda Pessoal acusado de cometer um atentado contra o líder da oposição, Vargas foi pressionado por militares e, sob o risco de sofrer um golpe, suicidou-se.
Os casos de Collor de Mello e Rousseff têm semelhanças e diferenças. Ambos os Presidentes enfrentam crises de falta de credibilidade devido à corrupção, além de altos índices de rejeição.
Rousseff, por outro lado, não possui nenhuma denúncia de corrupção para favorecimento próprio, embora tenha a imagem abalada pelas investigações na Petrobras. O pedido de impugnação, no seu caso, é por não cumprir a lei orçamental.
Além disso, Collor de Mello tinha uma relação mais problemática com o poder legislativo, com uma frágil base de apoio e resistência a ceder cargos a aliados. Em março de 1992, todo o ministério do então Presidente renunciou, após as denúncias de corrupção.
FYB // PJA
Lusa/Fim
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