"Não falei com Whitaker sobre este assunto", disse Donald Trump, quando questionado se tinha abordado com o procurador-geral (equivalente ao ministro da Justiça) interino a possibilidade de acabar com a investigação federal em curso conduzida pelo procurador especial Robert Mueller, momentos antes de viajar para França para participar em Paris nas cerimónias comemorativas do centenário do fim da I Guerra Mundial.
Com esta declaração, Trump pretendeu dissipar as suspeitas que têm surgido em redor da demissão do procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, que durante vários meses foi alvo de repreensões públicas por parte do chefe de Estado norte-americano.
A decisão de Jeff Sessions de apresentar a demissão do cargo, na sequência de um pedido do próprio Presidente, foi conhecida na quarta-feira.
Nas mesmas declarações, Trump disse que não conhecia pessoalmente Matthew Whitaker, assegurando que a nomeação deste funcionário como procurador-geral interino deve-se unicamente à sua inteligência e à sua "grande reputação" entre as forças de segurança dos Estados Unidos.
Matthew Whitaker era chefe de gabinete de Sessions.
"É um homem muito inteligente e muito respeitado na comunidade das forças de segurança (...) Disseram que tem uma grande personalidade e é disso que nós precisamos", acrescentou.
A saída de Sessions da administração norte-americana e a nomeação interina de Whitaker estão a ser encaradas com forte apreensão pelo Partido Democrata que teme que a Casa Branca esteja a tentar encontrar uma via para acabar com a investigação federal sobre uma possível ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016.
O facto de o cargo ser interino está a ser encarado como uma vantagem para a administração Trump, porque Matthew Whitaker pode exercer funções sem estar sujeito à provação do Senado (câmara alta do Congresso norte-americano).
Perante tal situação, os democratas receiam de que possa ocorrer um aproveitamento político e sejam tomadas medidas que bloqueiem a investigação.
Tal possibilidade motivou o Partido Democrata a solicitar uma investigação no Senado.
"Mueller está a fazer um relatório e não foi confirmado pelo Senado", argumentou ainda Donald Trump.
Jeff Sessions aguentou vários meses de ataques e críticas pessoais de Trump por se ter escusado a investigar a potencial ingerência russa na campanha presidencial de Trump, em 2016, em conluio com a equipa de campanha deste.
O chefe de Estado culpou essa decisão de Sessions por ter aberto a porta à nomeação do procurador especial Robert Mueller, que tomou a seu cargo a investigação sobre o papel da Rússia e começou a analisar se a intimidação de Sessions seria parte de um plano mais abrangente de obstrução da Justiça.
Numa conferência de imprensa realizada na quarta-feira na Casa Branca, o Presidente dos Estados Unidos afirmou "não estar preocupado" com a investigação federal conduzida por Mueller.
"Não estou preocupado com a investigação russa, porque é uma farsa", disse na altura Trump, assegurando ainda que não tenciona acabar com esta investigação, processo que tem vindo a descrever, ao longo de vários meses, como uma "caça às bruxas".
SCA (ANC) // EL
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