"O tribalismo e a religião existem de forma clara na política guineense. Vê-se a distribuição de candidatos a deputados. As pessoas são colocadas em zonas onde há predominância de pessoas da sua religião ou etnia", observou Saliu Baldé, representante do Movimento"Nô Djunta Mon Pa Kaba Ku Tribalismo na Política" (Juntos Para Acabar Com O Tribalismo na Política).

O ativista considera o fenómeno como "nocivo para a unidade e coesão" entre os guineenses e apelou para que se eleja o país, "em vez de favoritismos por fatores religiosos ou étnicos".

"Chegou-se ao ponto de os políticos pedirem aos eleitores para votarem neles porque são da mesma etnia ou religião. Isso é muito mau", sublinhou Baldé, dando o exemplo da região de Gabú, no leste, que disse ser uma das zonas onde o fenómeno é mais acentuado.

No passado mês de março, indicou Mama Saliu Baldé, o movimento foi apresentado formalmente em Gabú, cerca de 200 quilómetros a leste de Bissau, mas nos próximos dias voltará àquela localidade para falar com os chefes tradicionais.

"Vamos voltar a Gabú para falar com os 'djargas' para lhes explicar a gravidade deste fenómeno", adiantou Baldé.

Djargas é a designação de líderes comunitários na etnia fula, uma das predominantes na região de Gabú.

Mama Saliu Baldé apontou para os perigos que a divisão com base na etnia ou religião podem trazer para a Guiné-Bissau, dando o exemplo de situações que disse ocorrerem em Mansabá, no centro do país.

"Em Mansabá, há casos de pessoas da mesma comunidade que não se falam por causa de diferença étnica derivada da política", referiu.

O movimento já endereçou cartas de pedido de audiências com os partidos e coligações que concorrem às eleições legislativas marcadas para 04 de junho.

No início desta semana, o movimento teve a sua primeira audiência, com o Partido Luz da Guiné-Bissau, liderado pelo jovem jurista e ex-cantor de uma banda musical, Lesmes Monteiro.

O porta-voz do movimento destacou que a mensagem que vão levar aos políticos será de lhes lembrar que "o mundo está hoje preocupado com o extremismo violento", fenómeno que disse ser alimentado por políticos "com pretensa superioridade étnica".

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