
"O que o Governo de Benjamin Netanyahu está a fazer hoje [em Gaza] é inaceitável", em termos da situação humanitária "é uma vergonha", afirmou Macron, acrescentando que "não cabe a um Presidente dizer que é um genocídio, mas sim aos historiadores".
Num programa especial sobre "Os desafios da França", transmitido pelo canal francês TF1 às 20:15 horas locais (19:15 de Lisboa), o Presidente francês mostrou-se pronto a responder todas as questões dos franceses num formato inédito perante um "mundo incerto".
Durante duas horas e meia a responder a questões, Macron anunciou ainda que os europeus vão impor novas sanções maciças "nos próximos dias" se a Rússia "confirmar que não está a respeitar" o cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia.
Macron defendeu que o trabalho do primeiro-ministro israelita "era fazer tudo o que fosse possível para a impedir" uma tragédia humanitária.
"Não há água, não há medicamentos, não se consegue retirar os feridos", acrescentou.
O chefe de Estado francês recordou que foi "um dos únicos dirigentes a ir à fronteira" entre o Egito e Gaza, e que esta foi "uma das piores coisas que alguma vez viu", lamentando que "toda a ajuda que a França e outros países enviam" esteja "a ser bloqueada pelos israelitas".
Questionado sobre possíveis sanções contra Israel, Macron afirmou que a questão da revisão dos "acordos de cooperação" entre a União Europeia e Telavive está "em aberto", incluindo a ausência de direitos aduaneiros sobre determinados produtos.
"Não podemos fingir que nada está a acontecer", afirmou Macron, referindo-se à ofensiva militar israelita em Gaza.
O Presidente francês lembrou que foi o Governo holandês o primeiro a levantar a questão de saber se Israel está a violar o acordo de associação com a UE, na secção relativa ao respeito pelo direito internacional humanitário.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE vão debater a questão a 20 de maio.
A ofensiva israelita foi desencadeada por um ataque do grupo radical palestiniano Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 250 reféns, segundo as autoridades israelitas.
A retaliação de Israel contra a Faixa de Gaza provocou mais de 52.900 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, que governa o enclave desde 2007.
Desde que retomou a ofensiva em março, Israel impôs um bloqueio à entrada de ajuda humanitária na Faixa da Gaza, apesar dos apelos de organizações internacionais, como a ONU, para que não deixasse morrer a população à fome e de doenças.
MYCO (JSD) // MAG
Lusa/Fim
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