![MNE de Portugal reafirma em Jerusalém solução de dois Estados](/assets/img/blank.png)
Paulo Rangel, que discursava após um encontro com o homólogo israelita, Gideon Sa´ar, saudou o facto de o cessar-fogo já ter permitido libertar alguns reféns, "o que é um início notável", e admitiu implicitamente que ainda poderão existir reféns portugueses ou com dupla nacionalidade nas mãos do Hamas.
"É um acordo bastante frágil, mas ainda assim é um sinal de esperança, um farol de esperança e também o caminho para a construção de uma solução para este conflito que afeta esta região", afirmou Rangel, segundo a transmissão em direto da intervenção em várias cadeias de televisão portuguesas.
"Trata-se de um acordo que permitiu a libertação de reféns, o que é um indício notável. Conforme o ministro [israelita] referiu, existem cidadãos portugueses ou que têm ligações a Portugal que se encontram entre estes reféns. Alguns já foram libertados, outros ainda aguardam a sua libertação", sublinhou.
Nesse sentido, para o chefe da diplomacia portuguesa, "as famílias portuguesas acreditam na solução de dois Estados", pelo que todos deram "boas vindas ao acordo de cessar-fogo" assinado a 19 de janeiro passado.
"Mas também condenamos o tratamento não humanitário dos reféns, foi algo que foi possível constatar neste passado sábado [com a libertação de três reféns israelitas, um deles também com nacionalidade alemã]", salientou.
"Para nós, os direitos humanos e o direito humanitário é aplicável a todos e incentivamos Israel, um país amigo de Portugal, graças sobretudo aos laços sefarditas temos uma comunidade em comum, mas já antes disso tínhamos uma comunidade judaica significativa em Portugal, que siga a linha deste cessar-fogo e passar para a segunda fase" do acordo, reafirmou Rangel.
Condenando os ataques de 07 de outubro de 2023 e as violações do direito internacional perpetradas pelos ataques do Hamas e dos seus seguidores nos meses que se seguiram, Rangel reafirmou também a "determinação [de Portugal] em combater o antissemitismo, independentemente onde aconteça no mundo inteiro, pois é um sintoma muito prejudicial para as sociedades".
Nesse sentido, ressalvou que um dos resultados do acordo de cessar-fogo é a possibilidade de garantir a ajuda humanitária com a quantidade e qualidade que possa chegar à população que vive na Faixa de Gaza, "sendo importante dar continuidade a esse apoio".
"Como é sabido, acreditamos na solução de dois Estados e que é importante continuarem a ser envidados esforços de diálogo, que têm sido bem-sucedidos e estamos, todos os atores internacionais, a ajudar a dar passos neste caminho", insistiu.
"Penso, e Portugal acredita também, que esta é a única forma de alcançarmos um consenso e também de garantir a segurança de Israel, que, tal como o ministro [israelita] referiu, está sob ameaça em diferentes frentes, não apenas do Hamas, mas também de diferentes atores", acrescentou.
Para Rangel, é importante que todos os envolvidos possam verdadeiramente ajudar no sentido de se reforçar este caminho, pelo que se deve trabalhar para garantir uma paz duradoura no futuro.
"Isso levará o seu tempo, mas tal tem de ser feito no cumprimento do direito internacional e no direito humanitário internacional", afirmou.
"Tal como afirmou o ministro [israelita], estamos em Jerusalém, onde existe este legado das três religiões do Livro Sagrado que estão presentes. Isso é algo que nos deve inspirar a que nos deve levar a prosseguir neste esforço. Isto é o que devemos fazer como país que acredita na construção da paz, no sistema internacional e na possibilidade de resolução de conflitos, sustentou o chefe da diplomacia portuguesa.
"Queremos aqui afirmar que temos em Israel um amigo e que acreditados num futuro Estado da Palestina. Queremos que haja paz nesta região e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance", prosseguiu Rangel, lembrando que Portugal e a União Europeia (UEE) estão desde sempre a tentar promover o diálogo para a paz.
Na intervenção, Rangel não fez qualquer referência à proposta do Presidente norte-americano, Donald Trump, que disse estar "comprometido em comprar e possuir" a Faixa de Gaza, embora tenha convidado outros países da região a reconstruir o enclave palestiniano.
Em Israel, antes de seguir terça-feira para a Cisjordânia, onde será recebido pelo primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mohammad Mustafá, igualmente ministro dos Negócios Estrangeiros, o chefe da diplomacia portuguesa é recebido hoje à tarde pelo presidente israelita, Isaac Herzog.
JSD // APN
Lusa/Fim
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