"Nós estamos de lado de quem quer forçar para que haja um diálogo e, nas oportunidades que temos para falar com a Ucrânia e com a Rússia, reforçamos esta posição. Os dois países cooperam e trabalham com Moçambique e, portanto, estamos em melhor posição para opinar", declarou Filipe Nyusi.
O Presidente moçambicano falava em Helsínquia durante uma conferência de imprensa e ao lado do chefe de Estado finlandês, Sauli Niinistö, com quem esteve reunido hoje no âmbito da visita de trabalho que realiza à Finlândia desde terça-feira.
Nyusi reiterou que Moçambique não concorda com a violência e a posição de neutralidade que o país escolheu visa abrir espaço para o diálogo com base na confiança, embora admita que o impacto da guerra já se faz sentir em África e em Moçambique.
"Nós queremos estar numa situação de encorajar o diálogo, mas não podíamos fazer isso se tivéssemos tomado uma posição", frisou Filipe Nyusi, acrescentando que Moçambique acredita que os seus parceiros internacionais respeitaram a sua decisão.
"Nós, como Moçambique, não estamos a favor da guerra. As guerras que nós tivemos em Moçambique foram uma lição e as mesmas só terminaram depois do diálogo, baseado na confiança", frisou Filipe Nyusi, avançando ainda que o país africano já se disponibilizou para integrar a mesa negocial entre Kiev e Moscovo.
Moçambique esteve entre os países que se abstiveram em três resoluções que foram a votos na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) desde a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro.
A primeira resolução condenou a Rússia pela crise humanitária na Ucrânia devido à guerra, outra suspendeu Moscovo do Conselho de Direitos Humanos e a terceira condenou a anexação de territórios ucranianos pela Rússia, reforçando o isolamento de Moscovo no panorama internacional.
A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde a independência) foi um aliado de Moscovo durante o tempo da ex-URSS, tendo recebido apoio militar durante a luta contra o colonialismo português e ajuda económica depois da independência, em 1975.
A visita de Filipe Nyusi a Finlândia terá duração de quatro dias e, além de encontros com seu homólogo finlandês, o chefe de Estado moçambicano vai visitar empreendimentos económicos e também participar num seminário de negócios.
Desde 2003, a Finlândia, que esteve também entre os tradicionais doadores do Orçamento de Estado (OE) de Moçambique, contribui anualmente com nove milhões de euros para o fundo comum do Governo e doadores que apoia o desenvolvimento da educação em Moçambique, segundo dados oficiais da embaixada finlandesa em Maputo.
EYAC // VM
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