Numa entrevista dada por escrito à Folha de S. Paulo em vésperas de se deslocar ao Brasil para participar na reunião do G20, no Rio de Janeiro, Luís Montenegro foi questionado sobre se mantém a promessa de não levar o Chega para o Governo.
"Quando disse 'não é não' a fazer um acordo fui muito claro em relação a considerar que havia ideias e posturas, radicalismo e imaturidade nesse partido que não abriam essa possibilidade", referiu.
O primeiro-ministro considerou que o tempo tem-lhe "dado razão" e assegurou que vai cumprir o seu compromisso.
Sobre a política de imigração, Luís Montenegro apontou que esta "reflete o compromisso do Governo com a inclusão e a integração" num "país multicultural" que se orgulha disso mesmo.
"Quero igualmente reiterar o compromisso do governo com o Acordo sobre a Mobilidade da CPLP, conferindo-lhe, aliás, uma centralidade reforçada enquanto canal prioritário da imigração de que Portugal precisa", acrescentou ainda.
Sobre a privatização da TAP e os eventuais riscos da redução de voos diretos para Portugal, o primeiro-ministro começou por referir que a companhia aérea é um "ativo muito atrativo" e por isso estão "muitos operadores interessados neste processo de privatização".
"Qualquer dos interessados reconhece que o interesse na privatização da TAP decorre precisamente do reconhecimento que a empresa adquiriu nas rotas onde opera. Assim sendo, não vejo qualquer racionalidade económica em reduzir o valor desse ativo estratégico e consequentemente em reduzir rotas", disse.
Montenegro aproveitou para sublinhar que os critérios que o Governo irá garantir na privatização serão precisamente a manutenção das ligações aéreas nacionais para as regiões com as quais Portugal tem "fortes laços históricos" e onde há "uma forte presença da diáspora portuguesa", como é o caso do Brasil.
"Assim, não serão reduzidas, nem prejudicadas, rotas estratégicas da TAP e de Portugal. Lisboa continuará como centro operacional da transportadora aérea e sede da empresa", assegurou.
Questionado sobre o racismo, Montenegro enfatizou que "Portugal é um dos países mais seguros e pacíficos do mundo" e que os estrangeiros "são, em regra, bem acolhidos em Portugal e encontram-se bem integrados na sociedade portuguesa", lamentando que existam casos de racismo.
"Para os prevenir e punir, dispomos de inúmeros instrumentos legais que decorrem diretamente da nossa Constituição que garante que 'todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei'", apontou.
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Lusa/Fim
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