Segundo a fundação, o Prémio Calouste Gulbenkian 2019 será entregue na sexta-feira a Maalouf, "reconhecido como um dos nomes mais influentes e respeitados do mundo árabe" e que foi escolhido por um júri presidido por Jorge Sampaio.
Amin Maalouf "tem sido um incansável construtor de pontes, procurando mostrar o caminho das reformas necessárias para construir um mundo em paz, de acordo com um modo de vida mais justo e sustentável", escreve a Gulbenkian.
"Na sua mais recente obra -- Le Naufrage des Civilizations -- Amin Maalouf, que prossegue a sua análise sobre a crise do 'vivre ensemble', analisa as derivas e as feridas que se podem abrir nas civilizações modernas e apresenta pistas para que europeus e árabes possam cooperar na construção de um mundo melhor, no respeito pelo Estado de Direito e os Direitos Humanos", acrescenta a fundação.
O Prémio Calouste Gulkenkian 2019 será entregue pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no ano do 150.º aniversário do nascimento de Calouste Sarkis Gulbenkian.
Já os Prémios Gulbenkian 2019, no valor de 50 mil euros cada, serão atribuídos à APAV -- Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, na área da Coesão, ao programa radiofónico '90 segundos de ciência', na área do Conhecimento, e ao Teatro Metaphora -- Associação de Amigos das Artes, na área da Sustentabilidade.
No comunicado distribuído pela fundação, o júri reconhece as "excelentes resultados" obtidos pela APAV, que desde 1990 tem apoiado um número cada vez maior de vítimas de crime, num universo estimado em 270.000 pessoas.
A APAV apoia, em média, 115 adultos por semana e a sua intervenção é essencial na recuperação e regresso das vítimas à rotina diária, através de um atendimento personalizado e qualificado, avaliando cada caso como único.
O apoio é prestado às vítimas, seus familiares e amigos/as, através de 55 serviços de proximidade. A associação tem uma rede de voluntariado com cerca de 280 pessoas.
O '90 Segundos de Ciência', vencedor do Prémio Gulbenkian na área do Conhecimento, é um programa de rádio diário, de um minuto e meio, sem narração externa, em que um investigador diferente a cada dia explica um dos seus projetos.
A escolha é feita para haver representatividade geográfica, científica e de género.
O programa começou a ser emitido a 21 de novembro de 2016 e é atualmente difundido duas vezes por dia, na Antena 1, com quatro repetições na antena da RDP Internacional e RDP África. É ainda difundido através da internet, pela RTP Play, podcast e website dedicado, bem como nas redes sociais Facebook e Twitter.
O '90 Segundos de Ciência' tem chegado a cerca de 10 mil pessoas por mês, somadas as audiências da rádio, podcast e redes sociais, e a 05 de maio de 2019 chegou aos 615 episódios divulgados.
Em Portugal, "é o primeiro programa do género a atingir esta longevidade e com uma intenção digital e difusão pelas redes sociais. O programa não serve apenas para divulgação de ciência, mas também como repositório de projetos científicos desenvolvidos por investigadores portugueses na atualidade", sublinha a fundação.
Na área da Sustentabilidade, a Gulbenkian vai galardoar o Teatro Metaphora -- Associação de Amigos das Artes, destacando a iniciativa Green Steps, "que desde 2015 desenvolve diversos projetos artísticos, sempre aliados à sensibilização ambiental".
"O projeto envolve um grande número de cidadãos, na sua maioria jovens, sensibilizando-os para as questões ambientais", recorda a Gulbenkian, lembrando que a iniciativa "transforma lixo em obras de arte".
"As instalações artísticas produzidas têm impacto reconhecido não só a nível local, mas também a nível internacional", acrescenta.
Para consciencializar o público para o uso sustentável dos recursos, a associação envolveu no seu processo criativo a comunidade local (Câmara de Lobos, ilha da Madeira), "caracterizada por diversas problemáticas sociais relacionadas com abandono e insucesso escolar, absentismo, violência doméstica, necessidades económicas, desemprego, gravidez na adolescência, famílias disfuncionais, abuso de menores, entre outras situações", frisa a fundação.
Segundo os dados divulgados, no primeiro ano de atividade, o projeto reutilizou cerca de 2.600 garrafas PET e ainda CD inutilizados, transformando-os em flores. Um ano depois, resgataram 133 tambores de máquina de lavar, que foram transformados em candeeiros -- uma instalação que já participou em prestigiados festivais e recentemente iluminou Amesterdão. Em 2017 e 2018, ilustraram telas utilizando cerca de 25.000 latas de refrigerantes.
Na sexta-feira, a cerimónia, que assinala os 63 anos da Fundação Calouste Gulbenkian, termina com um concerto pela Orquestra Gulbenkian.
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Lusa/fim
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