Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 200 palestinianos foram mortos desde que os combates recomeçaram na sexta-feira de manhã, após uma trégua de uma semana com o Hamas, o grupo militante islamita no poder no território, e hoje foram atingidas diversas casas em Gaza, tendo sido registadas várias vítimas.

O ministério anunciou ainda que o número total de mortos em Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro, ultrapassou os 15.200, um grande aumento em relação à contagem anterior de 13.300, a 20 de novembro, depois de ter deixado de publicar atualizações diárias sobre o número total de vítimas em 11 de novembro, na sequência de perturbações nas ligações e nas operações hospitalares relacionadas com a guerra.

As autoridades de Gaza não fazem distinção entre civis e combatentes, mas adiantaram que 70% dos mortos eram mulheres e crianças e que mais de 40.000 pessoas ficaram feridas nos últimos dois meses.

Com o fim das tréguas temporárias, Israel foi instado pelos Estados Unidos, o seu aliado mais próximo, a fazer mais para proteger os civis palestinianos.

As forças armadas israelitas disseram hoje que atingiram mais de 400 alvos do Hamas em toda a Faixa de Gaza no último dia, utilizando ataques aéreos e bombardeamentos de tanques e navios de guerra. Entre os ataques, contam-se mais de 50 na cidade de Khan Younis e nas zonas circundantes, na metade sul de Gaza.

Pelo menos nove pessoas, incluindo três crianças, foram mortas num ataque a uma casa na cidade de Deir al-Balah, no sul, de acordo com o hospital para onde os corpos foram levados. O hospital também recebeu sete corpos de outras pessoas mortas em ataques aéreos durante a noite, incluindo duas crianças.

Entretanto, grupos militantes palestinianos em Gaza afirmaram ter disparado rockets contra o sul de Israel. Foram ouvidas sirenes em comunidades próximas da Faixa de Gaza, mas não houve relatos imediatos de danos ou feridos.

No sinal mais claro de que o regresso às negociações para novas tréguas era improvável, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou aos negociadores que regressassem a Israel.

Com o recomeço dos combates, os militares israelitas publicaram um mapa em linha que divide a Faixa de Gaza em centenas de parcelas numeradas e pediram aos residentes que se familiarizassem com o número da sua localização antes dos avisos de evacuação.

Os mapas e os folhetos geraram pânico e confusão, especialmente no sul, onde há muita gente. Impossibilitados de ir para o norte de Gaza ou para o vizinho Egito, a sua única saída é deslocarem-se dentro da área de 220 quilómetros quadrados.

"Não há sítio para onde ir", disse Emad Hajar, que fugiu com a mulher e os três filhos do norte, há um mês, para Khan Younis, continuando: "Expulsaram-nos do norte e agora estão a obrigar-nos a deixar o sul."

Amal Radwan, que se abrigou no campo de refugiados urbano de Jabaliya, no norte de Gaza, disse que não tinha conhecimento de tal mapa, acrescentando que ela e muitos outros não puderam sair por causa dos bombardeamentos incessantes. "Aqui há morte e ali há morte", disse.

Israel diz que tem como alvo os operacionais do Hamas e atribui as mortes de civis aos militantes, acusando-os de operarem em bairros residenciais. Afirma ter matado milhares de militantes, sem apresentar provas.

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