![Perita da ONU exige que Moscovo preste cuidados médicos aos detidos enviados para a Rússia](/assets/img/blank.png)
Num comunicado, a especialista adiantou ter estudado em pormenor "oito casos entre as centenas de ucranianos da Crimeia detidos pela Rússia".
Os oito "sofrem de problemas médicos graves", alguns dos quais com risco de vida, devido à tortura e às más condições de detenção, denunciou a relatora.
"É necessária uma ação urgente" para os proteger, afirmou Alice Jill Edwards, que está mandatada pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, mas não fala em nome da organização internacional.
No ano passado, esta especialista denunciou que as forças armadas russas e os seus auxiliares estavam a utilizar sistematicamente a tortura nos territórios ocupados da Ucrânia, um método que se tinha tornado uma "política deliberada".
"A tortura continua a ser praticada de forma organizada e sistemática", afirmou a perita da ONU, apelando à Rússia para que "ponha fim a estes abusos sem mais demoras".
Alice Jill Edwards analisou o caso concreto de Emir Ousseïn-Koukou, um defensor dos direitos humanos que denunciou em 2024 a repressão contra os tártaros da Crimeia.
Ousseïn-Koukou, que ainda se encontra detido na Rússia, terá sido "espancado" pelos serviços de segurança russos (FSB), "o que lhe provocou uma lesão na coluna vertebral em 2015", de acordo com a especialista.
Emir Ousseïn-Koukou foi condenado no final de 2019, juntamente com outros cinco tártaros, por "terrorismo", por ter fundado uma célula do movimento islâmico radical Hizb ut-Tahrir na Crimeia, a península ucraniana anexada pela Rússia em 2014.
Muitos tártaros da Crimeia, uma comunidade muçulmana, opuseram-se a esta anexação e foram presos desde então.
Entre as centenas de civis da Crimeia privados de liberdade, muitos "terão sido detidos por razões políticas e alguns foram injustamente acusados de crimes relacionados com o terrorismo", segundo a relatora da ONU.
"Muitos foram transferidos ilegalmente para fora do território e detidos na Federação Russa, longe das suas famílias e advogados", concluiu.
JSD // SCA
Lusa/Fim
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