"O PS tem aqui um objetivo claro de ser governo nesta região", declarou o também líder dos socialistas madeirenses, numa entrevista à agência Lusa.
Paulo Alexandre Nascimento Cafôfo, conhecido por ter encabeçado a lista que retirou pela primeira vez o poder ao PSD na Câmara Municipal do Funchal e por ter desempenhado o cargo de secretário de Estado das Comunidades no último Governo do PS, liderado por António Costa, destacou que, passados 50 anos do 25 de Abril, a Madeira tem "uma autonomia onde nunca houve uma alternância democrática".
Para o candidato, as eleições regionais antecipadas de 26 de maio são "uma oportunidade de poder virar a página da região" e o PS, o maior partido da oposição, "é a única solução".
O também professor, licenciado em História, insistiu na ideia de que as pessoas vão escolher o próximo presidente do Governo Regional: "E só há duas pessoas que o podem ser. Ou eu ou Miguel Albuquerque."
Votar nos partidos mais pequenos, referiu, é votar no cabeça de lista social-democrata, Miguel Albuquerque (atual presidente do executivo), "porque é certo que na noite das eleições se vão juntar ao PSD para continuar e manter este regime".
Nascido em 18 de maio de 1971 (tem 52 anos e celebrará o aniversário durante a campanha), na freguesia de Santa Luzia, no concelho do Funchal, onde reside, Paulo Cafôfo garantiu que o PS tem "ideias muito claras e propostas muito concretas" para resolver problemas prioritários que o PSD não conseguiu colmatar.
No caso da habitação, preconizou o aumento dos apoios às rendas e a construção de mais imóveis, e comprometeu-se a implementar uma garantia de financiamento para aquisição da primeira casa.
Se houver incumprimento, adiantou, o PS pretende que a região assuma a posição de crédito do devedor, passando este a pagar uma renda à região.
Na educação, a candidatura quer estabelecer a gratuitidade desde as creches à licenciatura em qualquer universidade portuguesa.
O aumento dos rendimentos é igualmente uma prioridade: defende a redução de 30% nos impostos, como previsto na Lei de Finanças Regionais, considerando que o Governo Regional aumentou a receita fiscal em 19% em 2023, mas o ganho "não se reflete na redistribuição da riqueza".
O ex-autarca, que desempenhou já as funções de deputado regional e nacional, realçou ainda ser necessário "olhar para os mais idosos", propondo um aumento de 150 euros mensais do complemento regional para os reformados com menores rendimentos.
Na sua perspetiva, é fundamental valorizar a administração pública regional, com a promoção de um "aceleramento nas carreiras" e de um aumento de 5% no subsídio de insularidade ao longo da legislatura.
Cafôfo quer também uma redução das listas de espera na saúde, aproveitando "ao máximo os planos de recuperação de consultas ou cirurgias, aumentando a produtividade por objetivos e por incentivos aos funcionários", e recorrendo aos serviços assegurados pelos privados apenas "como forma de complemento".
Ao nível da mobilidade, uma ligação marítima com ferry que seja alvo de um concurso internacional e a criação de um passe único de transportes internos, a par do alargamento da gratuitidade para utentes até aos 25 anos e com mais de 60, são outras medidas em vista, tal como, por outro lado, o reforço dos apoios ao setor primário, em particular a agricultura.
"Nós fizemos as contas, porque o PS é um partido com enorme responsabilidade. Se queremos ser poder, temos de assumir que aquilo que propomos é exequível", sublinhou, referindo que os custos com as medidas propostas estão orçados em 26,6 milhões de euros e que a receita de 46 milhões prevista no Orçamento Regional para 2024 tornaria estas propostas "exequíveis já neste ano".
Por isso, reforçou: "Nós assumimos compromissos, compromissos sérios, com responsabilidade, no quadro orçamental e dentro das possibilidades da região."
Questionado sobre possíveis acordos para assegurar o projeto político, Cafôfo enfatizou que "não haverá maiorias absolutas" e admitiu entendimentos "com os partidos que estiverem disponíveis dentro do quadro democrático e partidos que se reveem no programa do PS".
"Mas que também poderão dar, com as suas ideias e no seu programa, contributos para o governo da região. Claro que estaremos disponíveis para conversar e dialogar, e conseguirmos uma solução governativa que garanta estabilidade", avançou.
Nas últimas eleições regionais, em 24 de setembro de 2023, o PS foi a segunda força mais votada, com 28.840 votos (21,89%) e elegeu 11 dos 47 deputados que compõem a Assembleia Legislativa da Madeira.
Em cinco décadas de democracia, o PSD sempre governou o arquipélago, que teve três presidentes. O atual, Miguel Albuquerque, demitiu-se em janeiro, depois de ter sido constituído arguido num processo que investiga suspeitas de corrupção, e o executivo está desde então em gestão.
Na sequência da crise política, o Presidente da República dissolveu o parlamento regional e convocou eleições.
*** Ana Basílio (texto) e Homem de Gouveia (foto), da agência Lusa ***
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