"As múltiplas crises afetando atualmente Moçambique - conflito, seca e emergências de saúde pública - estão a sobrecarregar os recursos humanitários. Cerca de 4,8 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária (10% de pessoas com deficiência), incluindo 3,4 milhões de crianças", lê-se num comunicado da Unicef, publicado hoje.

Segundo aquela agência das Nações Unidas, são necessários 64 milhões de dólares para responder às necessidades humanitárias mais urgentes "de 2,5 milhões de pessoas em todo o país, incluindo 2,1 milhões de crianças".

Sobre Cabo Delgado, província que continua a enfrentar uma insurgência armada, explica que "mais de 1,3 milhões de deslocados internos, retornados e comunidades hospedeiras necessitam de assistência", avançando ainda que "80% dos retornados e dos deslocados internos são crianças e mulheres".

"Cerca de 3,3 milhões de pessoas deverão encontrar-se em situação de crise ou em níveis mais elevados de insegurança alimentar devido ao impacto do fenómeno climático El Niño, enquanto os padrões climáticos La Niña poderão agravar as condições em 2025", avança ainda.

Segundo a Unicef, estes fenómenos climáticos farão com que mais de 29.000 crianças com menos de 5 anos, "provavelmente", precisem de tratamento para desnutrição aguda grave.

"A falta de financiamento previsível e flexível põe em risco o bem-estar das crianças", concluiu.

Em setembro, a Organização das Nações Unidas (ONU) avançou que perto de dois milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

"Neste ano, Moçambique foi afetado pela seca induzida pelo fenómeno El Niño, durante a época 2023-2024. Estima-se que cerca de 1,8 milhões de pessoas possam enfrentar insegurança alimentar entre outubro próximo e março de 2025. Face a esta situação, a necessidade de assistência humanitária para as comunidades afetadas tem estado a aumentar, sobretudo nas regiões centro e sul de Moçambique", explicou a organização.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

 

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